Empresa tem ações negociadas na bolsa depois de captar US$ 8,1 bilhões com oferta inicial. É o maior valor desde que o Alibaba abriu capital em 2014.
A Uber abriu capital nesta sexta-feira (10) na bolsa de Nova York, em uma das mais esperadas estreias na bolsa de valores deste ano. A empresa levantou US$ 8,1 bilhões com a venda de ações, precificadas na quinta-feira (9) a US$ 45 cada.
O primeiro movimento dos papéis no mercado foi de queda. Na abertura do pregão, as ações chegaram desvalorizar quase 9%. Por volta das 12h no horário local, recuavam 3,98%, a US$ 43,41.
Com a venda inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa foi avaliada em US$ 82,4 bilhões. A quantia levantada foi a nona maior de um IPO nos EUA e a maior desde que o Alibaba veio a público em 2014 e arrecadou cerca de US$ 21,8 bilhões.
Veja quais foram as maiores aberturas de capital da história dos EUA:
- Alibaba – US$ 21,8 bilhões (2014)
- General Motors – US$ 20,1 bilhões (2010)
- Enel – US$ 19 bilhões (1999)
- Visa – US$ 17,9 bilhões (2008)
- Facebook – US$ 16 bilhões (2012)
- Deutsche Telekom – US$ 13 bilhões (1996)
- AT&T – US$ 10,6 bilhões (2000)
- Kraft Foods – US$ 8,6 bilhões (2001)
- Uber – US$ 8,1 bilhões (2019)
A entrada da Uber no mercado acionário também mostra o amadurecimento das empresas de tecnologia que foram criadas na época dos aplicativos, após o surgimento dos smartphones. Outros IPOs grandes desse período foram de empresas como a Snap e a Lyft, concorrente da Uber.
Fundada em 2008 para tentar solucionar o problema simples de pedir um carro, a empresa ficou conhecida pela agressividade com que entrava em novos mercados e pelo modelo que inspirou outras startups — muitas sucederam a companhia tentando ser “a nova Uber” em outros setores que também precisavam de inovação.
Apesar de a Uber estar abrindo capital, os números da empresa ainda são bastante em linha com as startups que gastam muito para fidelizar consumidores e ganhar espaço no mercado. Nos documentos apresentados às autoridades americanas, a empresa mostrou um prejuízo de mais de US$ 3 bilhões nas operações de 2018, e um prejuízo total de cerca de US$ 1bilhão no primeiro trimestre deste ano.
“Não vejo a empresa gerando caixa no curto prazo por algumas questões operacionais e também de concorrência”, disse Tiago Reis, fundador da Suno Research, casa de análise de investimentos.
Segundo os analistas Gene Munster e Will Thompson, da empresa de investimento Loup Ventures, a indústria de transporte por aplicativos continua em transição: do modelo de rede de motoristas parceiros para o modelo de “transporte como serviço”, em que as pessoas deixam de comprar carros ou ter um meio de locomoção e passam a pagar por tempo de uso ou por corridas.
“Nós acreditamos que essa transição, especialmente no que diz respeito à autonomia [dos carros], vai ser mais longa e mais impactante do que as pessoas pensam. A expectativa é que 2019 trará investimentos pesados e ações imprevisíveis no curto prazo”, escreveram os analistas em nota.
Os analistas afirmaram também que, no longo prazo, empresas como Uber e Lyft “serão bem-sucedidas em capitalizar em uma indústria que vê o modelo migrar da posse do carro para o transporte baseado em serviços”.
Embora haja o otimismo dos analistas no longo prazo, a Uber tenta não repetir o destino da concorrente Lyft. A companhia estreou na bolsa no final de março e, com um resultado trimestral de grandes prejuízos, chegou a cair 11% na quarta-feira (8). Desde que abriu capital, a Lyft já perdeu 37% do seu valor de mercado.
O atual momento do mercado, com cautela dos investidores por tensões comerciais, também não ajudou a empresa, que venceu as primeiras ações perto do valor mínimo da faixa de preço, que estava entre US$44 e US$ 50. Inicialmente, a Uber esperava ser avaliada perto de US$ 100 bilhões, o que acabou não se tornando realidade.
Fonte: Agência Brasil