O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (10), a R$ 5,78. O movimento veio com o apoio da valorização das commodities no mercado internacional e mesmo após a nova ameaça tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No último domingo (9), o republicano afirmou que anunciaria novas taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio no país. Atualmente, cerca de 25% do aço e 50% do alumínio usado nos EUA é importado e diversos países estão entre s fornecedores do produto, inclusive o Brasil.
Assim, a leitura dos especialistas é que essa tarifação pode impactar a economia de todos os principais exportadores, como Brasil, Canadá, México, China, Rússia e União Europeia.
A medida também volta a trazer preocupações com a inflação nos EUA. Isso porque se os produtos que chegam na maior economia do mundo ficam mais caros com as taxações, todo o custo de produção também encarece, elevando o preço para os consumidores e impactando a inflação.
Preços altos no país podem pressionar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a manter suas taxas de juros altas por mais tempo ou até promover novos aumentos.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,13%, cotado a R$ 5,7854. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,7632, enquanto na máxima foi a R$ 5,8240. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,13% na semana;
recuo de 0,89% no mês; e
perdas de 6,38% no ano.
Na última sexta-feira (7), a moeda americana teve alta de 0,51%, cotada a R$ 5,7930.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em alta de 0,76%, aos 125.572 pontos.
Na sexta, o índice teve baixa de 1,27%, aos 124.619 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,20na semana e no mês;
ganho de 3,60% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Apesar de a alta nos preços do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional terem dado fôlego ao dólar nesta segunda-feira (10), ainda pairam no ar as dúvidas acerca da nova ameaça tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No domingo (9), em entrevista a jornalistas antes de assistir ao Super Bowl 2025, Trump afirmou que “qualquer aço que entrar nos EUA terá uma tarifa de 25%”. Segundo o presidente norte-americano, o anúncio oficial seria realizado nesta segunda-feira, o que não aconteceu.
Trump também não deu mais detalhes sobre quais países sofreriam o aumento tarifário. Diante das incertezas, as autoridades de uma série de países que exportam esses produtos para os EUA começaram a reagir.
Na Coreia do Sul, o Ministério da Indústria convocou siderúrgicas para discutir como minimizar os impactos das tarifas para as empresas.
Já na Europa, a Comissão Europeia afirmou “não ver justificativa” para a tarifação e assegurou que vai reagir “para proteger os interesses das empresas, trabalhadores e consumidores europeus”.
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, disse que a Europa “pode e deve reagir unida e decisivamente contra as restrições tarifárias unilaterais” e destacou que a região “está preparada para isso”.
No Brasil, a postura do governo foi a de adotar uma postura mais cautelosa diante das ameaças do presidente dos EUA.
Nesta segunda-feira, tanto o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestaram a necessidade de cautela e diálogo em relação às possíveis tarifas.
Segundo o blog da Ana Flor, o anúncio não pegou o governo de surpresa e, por enquanto, a ordem é não rebater de imediato com a regra da reciprocidade, mas analisar primeiro o impacto.
Além de afetar as empresas exportadoras dos países que fornecem aço e alumínio para os EUA, que podem ter uma queda nas vendas, há a preocupação do mercado em relação à pressão inflacionária que a implementação dessas tarifas faria na maior economia do mundo, o que pode atrasar o processo de queda nos juros no país.
Dirigentes do Fed já afirmaram que a instituição não tem pressa em reduzir os juros e que ia observar com atenção os desdobramentos do cenário político e econômico no país para tomar suas próximas decisões. Atualmente, os juros americanos estão entre 4,25% e 4,50% ao ano, com o objetivo de forçar a inflação anual, que está em 2,9%, a chegar na meta de 2%.
Juros elevados também aumentam o rendimento dos títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, o que tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o país e pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas.
Agenda de indicadores
Na agenda de indicadores, o Departamento do Comércio deve divulgar os novos dados de inflação dos EUA, referentes a janeiro, na próxima quarta-feira (12). Ao longo da semana, o presidente do Fed, Jerome Powell, deve discursar e trazer novas pistas sobre a condução dos juros no país.
No cenário doméstico, o destaque da semana também fica com os dados de inflação, que serão divulgados na terça-feira (11). Nos próximos dias, outros números da atividade econômica estão previstos.
Nesta segunda, o Banco central do Brasil (BC) divulgou mais uma edição do Boletim Focus — relatório que reúne as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país.
As projeções para a inflação brasileira subiram pela 17ª consecutiva e, agora, os economistas preveem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano a 5,58% em 2025, bastante acima da meta.
A meta de inflação é de 3,0% e será considerada formalmente cumprida se ficar em um intervalo entre 1,50% e 4,50%.
G1