Uma operação da Polícia Civil prendeu nesta quinta-feira (9) um grupo suspeito de receber até R$ 5 mil de pacientes para serem inseridos e furar a fila de cirurgias, principalmente plásticas, na rede pública de Goiás. Ao todo, quatro pessoas foram presas, entre elas um ex-prefeito de Teresina de Goiás e um vereador de São Miguel do Araguaia. Procedimentos que não eram considerados urgentes e que demorariam até dois anos foram autorizados e feitos em poucos meses.
O delegado responsável pela investigação, Danilo Victor Nunes, explicou que os políticos investigados atuavam como intermediadores no esquema. “Geralmente o paciente pagava para eles e aí essa pessoa providenciava, junto a um operador do sistema, para que inserisse as pessoas”, disse.
A polícia informou que as fraudes aconteciam pelo menos desde 2020. “Alguns dos presos não eram servidores do sistema de regulação médica e tinham logins e senhas do sistema. Uma das pessoas que foi presa hoje tinha 15 perfis e inseriu 1.902 pessoas na fila”, contou.
Ainda de acordo com o delegado, essas quase 2 mil pessoas foram adicionada no sistema de regulação apenas nos últimos seis meses. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, mais de 15 mil pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva.
Os nomes dos presos não foram divulgados e, com isso, o g1 não conseguiu identificar a defesa deles até a última atualização. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Teresina de Goiás e com a Câmara Municipal de São Miguel do Araguaia, mas não teve retorno até a última atualização.
Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e afastamento de funções públicas nas cidades de Goiânia, Goianira, Anápolis, Damolândia, São Miguel do Araguaia e Teresina de Goiás.
Os servidores afastados são pessoas do Complexo Regulador Estadual ou exerciam funções públicas nas unidades de saúde dos municípios.
Segundo a polícia, as irregularidades aconteciam principalmente para cirurgias plásticas, como abdominoplastia e mamoplastia. Porém, outras cirurgias eletivas, consultas médicas, exames e internações também eram fraudados.
“Na maioria eram procedimentos estéticos por meio de uma justificativa médica falsa. Por exemplo, uma pessoa que quer fazer uma mamoplastia conseguia que o operador do sistema alterasse essa justificativa, fraudasse isso, e inserisse com um fundamento plausível para a cirurgia, sendo que a pessoa não sofreu nenhum tipo de câncer ou doença”, disse.
Os investigados respondem por por corrupção passiva, inserção de dados falos em sistema de informação e associação criminosa.
G1 Goiás