Uma jovem de 22 anos denunciou à Polícia Civil que foi vítima de assédio sexual do desembargador aposentado Orloff Neves Rocha, em Goiânia. Segundo relato registrado na corporação, o magistrado deu um tapa no bumbum e beijou o pescoço da moça assim que ela terminou de prestar o serviço para o qual foi contratada por empresa terceirizada do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Orloff também é investigado por suspeita de favorecer padre Robson.
O órgão informou, por meio de nota enviada nesta sexta-feira (7), que “assim que tomou conhecimento, abriu procedimento apuratório preliminar visando apurar os fatos na esfera administrativa”.
A Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego) também se posicionou por meio de nota informando que “defende que as instituições devem observar o devido processo legal” e que “as investigações transcorram de forma ágil, ética e eficiente”.
A reportagem não conseguiu localizar o próprio desembargador ou a defesa dele para comentar o caso.
Denúncia
Consta na denúncia feita à Polícia Civil que o assédio aconteceu no último dia 28 de abril, cinco dias antes de o desembargador se aposentar voluntariamente.
Segundo relato, a jovem foi formatar o notebook do magistrado justamente porque ele iria deixar o cargo e devolver o aparelho. No entanto, ao se despedir, consta na denúncia que o desembargador sugeriu que saíssem para um barzinho, colocando um cartão com o número de telefone dele em um dos bolsos da moça.
Também de acordo com a denúncia, o homem abriu os braços querendo abraçá-la e, mesmo relutante e constrangida, a jovem acabou cedendo. Nesta oportunidade, conforme consta no registro policial, o desembargador beijou o pescoço dela e tentou beijá-la na boca, tentando tirar a máscara facial que ela usava.
Consta na descrição do caso que a jovem conseguiu se afastar e, quando ia saindo, o magistrado deu-lhe um tapa no bumbum. O episódio foi registrado na Polícia Civil no mesmo dia, ao fim da tarde.
O G1 pediu informações sobre o andamento das investigações à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), mas a corporação informou que o “caso está tramitando em sigilo”. Por isso, não pode passar informações a respeito.
Carreira
Segundo informações do site do TJ-GO, Orloff foi advogado por 15 anos e depois magistrado – de 1985 até a aposentadoria voluntária, publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) na última segunda-feira (3).
O órgão registrou que o desembargador atuou em Piranhas, Caiapônia e Ceres. Ele também foi presidente da 1ª Câmara Cível e ouvidor-geral da Justiça de Goiás.
Outras acusações
O nome de Orloff também é citado nas investigações contra o padre Robson de Oliveira. Em conversa com advogados, o religioso teria concordado em pagar R$ 1,5 milhão a magistrados para ser beneficiado em um processo envolvendo uma fazenda. O padre negou qualquer irregularidade.
G1