O ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, foi preso nesta quarta-feira (7), iniciando o cumprimento de sua sentença de 15 meses de detenção.

Segundo sua família, ele se entregou voluntariamente, deixando sua residência acompanhado por um longo comboio de carros.

Mais cedo, a fundação que leva o nome do ex-presidente informou que ele se apresentaria à Justiça antes da meia-noite desta quarta, final do prazo dado para que o fizesse por conta própria. Depois disso, a polícia iria buscá-lo.

Zuma, de 79 anos, deveria ter começado a cumprir pena no domingo, mas a Justiça do país aceitou ouvir seus argumentos no dia 12 de julho, e suspendeu a ordem até lá. Naquele dia, centenas de apoiadores se aglomeraram do lado de fora de sua casa.

Em sua cidade, Nkandlka, Zuma não conversou com seus apoiadores. Ele, no entanto, passou por eles, e sem máscara. Homens com roupas tradicionais da Nação Zulu faziam a segurança.

Zuma era tido como um veterano da luta contra o regime de aparheid. No entanto, desde que ele saiu da presidência, em 2018, foi envolvido em escândalos.

O ex-líder pediu que a pena seja anulada por ser excessiva e também por expô-lo aos riscos de uma infecção pelo coronavírus.

Para ele, a pena é uma declaração política. Ele diz ainda que é vítima de uma caçada às bruxas e que a promotoria é enviesada.

O ex-presidente é acusado de corrupção antes e durante sua gestão. Ele teria permitido que três empresários recebessem dinheiro de forma ilegal do Estado. Além disso, Zuma também é investigado pela negociação de um contrato de US$ 2 bilhões em armas, firmado quando ele era vice-presidente.

Condenação


Jacob Zuma foi condenado a 15 meses de prisão por desacato à Justiça, após se negar a comparecer a uma comissão anticorrupção, no final de junho.

O ex-presidente compareceu apenas uma vez diante da comissão e ignorou várias convocações posteriores. Ele alegava razões médicas ou que estava preparando sua defesa para outros casos.

Escândalos e renúncia


O sul-africano enfrenta várias acusações de fraude, corrupção e crime organizado, relacionados à compra em 1999 de equipamentos militares de cinco empresas europeias de armamento.

Na época, Zuma era vice-presidente do país. Posteriormente, ele presidiu a África do Sul entre 2009 e 2018 e renunciou em meio a uma série de escândalos (veja no vídeo abaixo).

Ele só renunciou após ser forçado pelo seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o mesmo de Nelson Mandela.