O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) conta com cerca de 160 profissionais da enfermagem afastados com suspeita ou contaminação de Covid-19. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Goiás (Sindisaúde-GO), o número pode chegar a 180 se considerados médicos, residentes e não contratados via CLT. O sindicato visitou a unidade na última quarta-feira juntamente com o Conselho Estadual de Saúde, Sieg e Coren-GO.

A vistoria faz parte de um desdobramento de outra visita ocorrida na última semana cujo propósito foi averiguar se os protocolos de segurança estão sendo seguidos e se há condições de trabalho adequadas para os profissionais. As entidades foram recebidas pelo diretor-técnico do Hugo, Eros Sousa, e pela diretora-geral, Dulce Xavier, e acompanhadas pela Coordenação de Enfermagem do hospital durante a visita. Dos 160 profissionais da enfermagem que estão afastados, 60 já testaram positivo para Covid-19.

Para a presidente do Sindsaúde, Flaviana Alves, o número de afastamentos é muito preocupante e evidencia a necessidade imediata de mais rigor quanto às condições de trabalho e uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) e coletivos (EPC’s). Ela afirma que a palavra de ordem é redobrar os cuidados no Hugo.

Flaviana chamou a atenção para a sobrecarga de trabalho. Com tantos profissionais afastados, a quantidade de serviços aumentou. “É humanamente impossível prestar um atendimento com a qualidade e a dedicação que o paciente precisa tendo quase 200 trabalhadores a menos em um hospital do porte do Hugo”.

Contratação

O Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), organização social que administra o Hugo, informou ao Sindsaúde que conseguiu repor menos de 10% da força de trabalho afastada. Segundo a INTS, até momento, somente 19 profissionais foram contratados. A OS justificou que houve baixa adesão ao processo seletivo.

Testagem

Já em relação à testagem dos trabalhadores, o INTS disse que ainda não foi possível testar todos eles. Conforme apurou o Sindsaúde-GO, os trabalhadores que atuam na urgência, no 4 andar, no administrativo, parte dos trabalhadores da Central de Material e Esterilização (CME) e terceirizados ainda não foram testados.

A OS informou através do Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) que há previsão de testagem para trabalhadores dos setores de Limpeza, Alimentação e Segurança. O INTS destacou que já fez a solicitação as empresas contratadas pela OS (quarteirizadas) para que realizem os testes. Portanto, o número de trabalhadores contaminados no Hugo pode ser maior do que o conhecido, já que as empresas quarteirizadas ainda não forneceram todos os dados.

Internos

Até o momento, o Hugo possui 10 casos confirmados de pacientes com Covid-19. Dois estão na UTI e oito estão na enfermaria do segundo andar. O Sindsaúde e as demais entidades veem com preocupação o fato desses pacientes confirmados ainda não terem sido transferidos para o Hospital de Campanha de Goiânia (Hcamp) que é o hospital de referência no tratamento da Covid-19.

O Sindicato questionou o motivo da não transferência para o Hcamp já que o perfil do Hugo é outro. Segundo o INTS, o hospital ainda não conseguiu as transferências porque as autorizações de internação hospitalar (AIH) foram recusadas. O Sindisaúde-GO deve realiza visitas a outros hospitais com o acompanhamento do Ministério Público do Trabalho nos próximos dias.

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