A jogadora da seleção brasileira de vôlei Tandara Caixeta foi afastada das Olimpíadas e suspensa provisoriamente da seleção feminina de vôlei após ser identificado o uso da substância ostarina em seu exame antidoping. A substância, que pertence a uma classe de anabolizantes, modula o metabolismo e pode ajudar no ganho de massa muscular.
“A Ostarina é uma substância não especificada, proibida em competição e fora de competição. Pertence a classe: S1.2 Agentes Anabolizantes – Outros Agentes Anabolizantes – SARMS da Lista de substâncias e métodos proibidos da AMA-WADA (sigla da Agência Mundial Antidoping)”, afirmou a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) em nota.
Segundo a ABCD, a coleta que revelou a presença da substância foi realizada antes da atleta embarcar para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 07 de julho, no Rio de Janeiro.
Após ser notificada sobre o resultado do exame, Tandara embarcou de volta para o Brasil. Nas redes sociais, ela afirmou que está trabalhando em sua defesa e só irá se manifestar após a conclusão do caso.
O que é a ostarina?
A ostarina é um medicamento experimental pertencente à classe dos moduladores seletivos de receptor de andrógeno (SARMs, sigla em inglês). Isso significa que a substância é capaz de se ligar às proteínas receptoras de androgênio (um hormônio masculino), causando o crescimento dos músculos.
A substância e os produtos que a contenham são considerados ilegais pela agência regulatória Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, órgão regulador.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou em abril deste ano a Resolução (RE) 791/2021, que proibiu a comercialização, a distribuição, a fabricação, a importação, a manipulação, a propaganda e o uso de produtos que contenham SARM devido aos efeitos desconhecidos no corpo humano a longo prazo.
Por que o uso de ostarina é considerado doping?
A ostarina está na lista de doping como medicamento proibido porque pode estimular o crescimento muscular e a força.
De acordo com Páblius Staduto Braga, médico do esporte do Hospital Nove de Julho, o uso da substância promove uma vantagem artificial de um determinado atleta em relação dos demais competidores.
“Usando esse tipo de substância, o atleta vai ter maior força, resistência e capacidade de recuperação se comparado com os demais. Isso gerar vantagens fisiológicas que são artificiais, mas que vão ser maiores do que alguém que não usou o medicamento”, explica Braga.
Segundo ele, o uso da ostarina ajudaria na recuperação muscular dos atletas, fazendo com que eles não tenham o mesmo desgaste e fadiga muscular que os demais.
“De modo geral, os atletas treinam para chegar em uma competição no seu melhor momento. Ou seja, eles treinam para aguentar ao máximo do desgaste. Com essas substâncias, quem a utiliza conseguir ir um pouco além, porque não irá sofrer o mesmo desgaste e terá uma recuperação pós-esforço, o que gera uma vantagem dos adversários”, diz Braga.
G1