“É a primeira vez na minha vida que vejo um problema de saúde ser politizado”, declarou o governador ao criticar presidente Bolsonaro.

“O momento é de discutir como vamos sobreviver”, defendeu Ronaldo Caiado (DEM), durante entrevista no Roda Viva, dessa segunda-feira, 6. Segundo ele, politizar a pandemia não é a melhor posição para livrar o país da doença.

“Não tem remédio único para os 27 estados da nação”, disse o governador sobre as medidas de restrições tomadas em Goiás para combater a Covid-19. “A cada região é preciso estabelecer um protocolo”, completou.

Ronaldo Caiado confirmou que os governadores têm trocado experiências. “Cada um tem sua realidade e a cada momento estamos aliados em busca de alguma reivindicação”, disse.

Preocupação

A maior preocupação entre os governadores, segundo Ronaldo Caiado, está ligado a dificuldade em adquirir equipamentos para o combate a doença. “Hoje a dificuldade nossa é  para adquirir respiradores e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), que tem feito uma falta enorme. A maior demanda que temos neste momento é essa”, afirmou.

Como solução Caiado apontou que numa situação de guerra, se poderia desmontar um respirador e reproduzi-lo.

Sobre Mandetta

“Na cabeça do Mandetta não passa hora nenhuma a vontade dele de ser candidato. Ali (na função de ministro) ele está no seu habitat natural. Ele tem uma competência ímpar para enfrentar esse momento”, declarou Ronaldo Caiado sobre o ministro da Saúde.

O governador disse que conhece bem Luiz Henrique Mandetta por serem da mesma escola de medicina e que, por isso, sente confiança no trabalho dele. “Tem total competência”, argumentou.

Retomada da economia

O democrata se mostrou otimista em uma retomada da economia após a crise do coronavírus. Para ele, por ser um país que tem a economia baseada na produção agrícola teremos uma boa oportunidade de retomar. “O Brasil vai dar um passo rápido para recuperar. Teremos mais chances do que outros países que são 100% industrializados e terão problemas em exportar seus produtos”, avaliou.

Controle do Estado

Questionado sobre a presença as ações do estado de controle em setores privados em decorrência da pandemia, Caiado defendeu que o momento é de exceções. “Vidas sobrepõem a preocupação de controle fiscal do país e dos estados. É preciso usar todo o poder do Estado para salvar vidas. Agora a função do estado é proteger o cidadão”, declarou. “Não tem a questão de direita ou de esquerda”, completou.

Gastos

Sobre os controle fiscal do estado, Ronaldo Caiado disse que tem se pautado em consonância com o Legislativo e Judiciário. Segundo ele, todas medidas de gastos no estado tem sido debatida em conjunto. “Todos os poderes assim como o governo terá q reduzir 30 por cento dos seus gastos”, disse sobre a crise fiscal

Uso da cloroquina

O governador contou que o uso da cloroquina já faz parte do protocolo de atendimento em Goiás. No entanto, ele aponta que há outros medicamentos que são utilizados em pacientes buscando a melhor condição de combate a Covid-19. “Não tem um remédio única. A cada momento estamos avançando. Temos condição de ter um protocolo com experiência para implantar alguns medicamentos.

Relações externas

Sobre a relação externa do Brasil com a China que tem sido afetada por declarações de ministros e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, Caiado disse que o pronunciamento não se pode levar ao quadro de uma ruptura diplomática. “Acho que cargo não dá espaço para que se possa colocar em dúvida as relações externas”, disse. Sobre o agronegócio, o governador apontou que o produtor rural que tem negócios com a China está inquieto e que declarações que interfere nas relações exteriores devem ser reprimidas pelo presidente.

Produção de amianto

Questionado sobre a exploração de amianto, no qual , Caiado apontou que fechar a empresa que explora a mina seria também um problema, pois teria reflexos ambientais. Segundo o governador a reabertura da empresa está atrelada a condições rígidas de responsabilidade ambiental e com a saúde dos trabalhadores. “Posso garantir que o pedido nosso é que tudo aquilo que já foi retirado seja industrializado e exportado para os Estados Unidos, sem gerar prejuízos para os goianos”, disse.

A entrevista

A entrevista é mediada pela jornalista Vera Magalhães, o debate girou, principalmente, em torno do rompimento do goiano com o presidente Jair Bolsonaro, após divergências em relação ao enfrentamento do novo coronavírus.

A bancada de entrevistadores conta com Conrado Corsalette, editor-chefe do Nexo Jornal; Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico; Madeleine Lacsko, repórter do jornal Gazeta do Povo; Graciliano Rocha, editor do Buzzfeed News; e Alexandra Martins; redatora do BR Político.

Fonte: Jornal Opção