Após o aumento no número de casos de Covid-19, três ambulâncias da Prefeitura de Palmeiras de Goiás, na região central do estado, precisaram, nesta sexta-feira (5), percorrer quase 400 km para buscar cilindros de oxigênio medicinal em Rio Verde. Em um vídeo publicado nas redes sociais do município, um dos motoristas relata a situação e pede que as pessoas fiquem em casa (veja acima).
“Nós da saúde estamos nos esforçando para salvar vidas. Nós motoristas, médicos, prefeito, secretário. Está todo mundo empenhado. Fiquem em casa, essa doença não é brincadeira. Nós já tivemos que vir buscar três ambulâncias cheias de oxigênio para dar conta do povo que está lá necessitando”, afirma.
De acordo com o superintendente em Saúde do município, Rogério Gomes, a prefeitura teve de buscar os cilindros porque a empresa que os fornece, com sede em Rio Verde, só leva o oxigênio uma vez por semana a Palmeiras de Goiás. Em decorrência do aumento no número de pacientes internados, o estoque que tinha no hospital da cidade não seria suficiente para esperar até a próxima reposição.
“Nós temos um hospital dedicado somente a pacientes com Covid-19, e ele está lotado. Não tem vaga disponível no momento. A demanda por oxigênio aumentou muito. Então, é assim que temos feito. Quando não dá para empresa trazer, nós temos que ir buscar”, disse o superintendente.
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A cidade de Palmeiras de Goiás está entre os municípios goianos que não têm leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o superintendente, o Pronto Socorro Marconi Perillo, dedicado ao tratamento de pacientes com Covid-19, possui, atualmente, apenas sete leitos de enfermaria.
O profissional explica que, quando um paciente evolui para o quadro mais grave da doença, é preciso transferi-lo para outras cidades do estado.
“A nossa situação não é fácil. Já estamos fazendo além do que podemos. Por isso, é tão importante que as pessoas entendam a importância de ficar em casa e usar máscara quando for necessário sair”, afirmou.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que não há UTI sob gestão estadual em Palmeiras de Goiás. No entanto, ponderou que há 19 leitos especiais na regional Oeste II, onde o município se localiza. Essas UTIS estão em São Luís de Montes Belos e são referência para toda a região.
A secretaria afirmou ainda que há mais de 900 leitos em atividade dedicados aos casos de Covid-19 no estado, sendo 429 UTIs. No entanto, a taxa média de ocupação está em 96% nesta sexta-feira.
De acordo com a Prefeitura de Palmeiras de Goiás, o município já registrou mais de 4,2 mil casos de coronavírus e 40 mortes. Em todo o estado, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), há mais de 411 mil pessoas contaminadas, sendo 8.879 mil mortes provocadas pela Covid-19.
Aumento de até 500% no uso de oxigênio
Em todo o estado, o crescimento no número de casos de coronavírus fez com que aumentasse, nos últimos dias, a demanda por cilindros de oxigênio medicinal. Com isso, revendedores afirmaram, em entrevista à TV Anhanguera, que não têm previsão de quando receberão novos cilindros para armazenar o gás.
A engenheira clínica do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Lidiany Leite, explica que o aumento no consumo de oxigênio medicinal é reflexo do alto número de internações de pacientes que enfrentam as complicações mais graves provocadas pela Covid-19.
“Um paciente acometido com coronavírus precisa ter o triplo de oxigênio em relação a um que não está infectado. No caso de uma pessoa com a Covid-19, internada em uma UTI, ela vai precisar de 15 litros de oxigênio, enquanto um outro paciente sem o vírus precisa de apenas cinco”, explica.
Em entrevista à TV Anhanguera, o secretário Estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, disse nesta sexta-feira que não pode descartar a possibilidade de faltar oxigênio em Goiás. No entanto, segundo ele, o estado tem tomado iniciativas para evitar que isso aconteça.
“Atualmente, nós temos três hospitais com alta demanda, mas que têm usinas próprias. Então, a gente não depende desses cilindros. E os demais, que dependem dessa aquisição, nós também trocamos e colocamos tanques grandes para armazenar esse oxigênio (…). Nosso consumo aumentou de 200% a 500% de oxigênio, dependendo da unidade de saúde. Por enquanto, todas as unidades estão abastecidas. Temos contratos em vigência de empresas que nos fornecem. Existe o risco do estado ficar sem oxigênio, mas estamos tentando eliminar esse risco,” disse.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
De acordo com a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), o consumo de oxigênio aumentou, em média, 45% nos últimos dias, se comparado com o mesmo período de janeiro.
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg) também afirmou que foi registrado aumento geral de todos os insumos usados nos atendimentos, incluindo oxigênio, nas unidades de saúde em Goiás.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Goiânia afirmou que as unidades de urgência (Cais, Ciams e Upas), que atendem pacientes com Covid-19, estão recebendo oxigênio normalmente. “Em relação aos hospitais onde a secretaria tem leitos Covid-19 de UTI contratados, até o momento não houve nenhum relato de falta de oxigênio. Além disso, os cilindros são utilizados em caso de doença pulmonar obstrutiva crônica”, completou o órgão.
G1
