A epidemia de Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2, repete o movimento pendular urbano de Goiânia. É o que mostra o mapa elaborado por pesquisadores do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), vinculado à Universidade Federal de Goiás (UFG). De acordo com boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), são 141 bairros com presença de infectados com o vírus na capital.

Mapa por contaminação por Covid-19 no dia 12 de abril | Foto: Reprodução

Inicialmente centrada nos bairros nobres da capital goiana, como o Setor Bueno, o Setor Oeste e região dos condomínio de alto padrão, a doença começou a se espalhar pelas regiões periféricas da cidade.

A mancha de contaminação do dia 12 de abril é bem diversa da indica pelo dia 30 de abril. Enquanto no dia 12, havia 11 casos confirmados de Covid-19 no Setor Bueno; a região noroeste, com menores índices socioeconômicos, não apresentava nenhum caso confirmado. O Setor Oeste, na ocasião, era o bairro com maior número de casos: 15.

Mapa de contaminação por Covid-19 no dia 20 de abril | Foto: Lapig/ UFG

Na semana seguinte, no dia 20 de abril, a presença da doença é mais espalhada pela cidade, com presença na região Noroeste, dois casos no Recanto do Bosque, um no Parque Tremendão e no Jardim das Hortências. O vírus também se manifestou em moradores do Residencial Itaipú, Condomínio das Esmeraldas e Residencial Real Conquista, no extremo sudoeste da capital.

No dia 30 de abril, com 448 casos e 12 mortes confirmadas, o mapa de Goiânia é quase tomado pela presença da doença. Ainda prevalece a mancha mais escura sobre os bairros considerados nobres da cidade. Entretanto, todas as regiões já registram casos de Covid-19.

Mapa de contaminação por Covid-19 em Goiânia do dia 30 de abril | Foto: Lapig/ UFG

Transmissão comunitária

O informe epidemiológico elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde aponta que o tipo de transmissão  mudou em Goiânia a partir do dia 20 de março. Até aquele dia, a maioria das transmissões eram feitas a partir de casos importados, ou seja, de pacientes que haviam contraído a doença em outros locais, outros estados ou países, e voltaram para a capital goiana.

A partir do dia 21 de março, a chamada transmissão comunitária começou a prevalecer. Esse tipo de transmissão é considerada mais veloz e mais difícil de ser rastreada, pois os agentes de saúde não conseguem determinar a cadeia de contaminação. Isso explica o avanço da doença para bairros periféricos da cidade, o que também demonstra o próprio movimento pendular de trabalhadores.

Vulnerabilidade

O mapeamento do Lapig também mostra as regiões com maiores vulnerabilidade de Goiânia e do estado. as periferias, cidades do Norte, Nordeste e do Entorno do Distrito Federal têm as populações mais vulneráveis à Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2, em Goiás.

O levantamento mostra que bairros da região Noroeste de Goiânia e periféricos de Anápolis estão entre os mais sensíveis a terem mais casos de contaminação pelo coronavírus.

A pesquisa leva em conta variáveis sociais e econômicas do Censo 2010, através dos chamados setores censitários, ou seja, parcelas menores que municípios, com levantamentos de sete características da população, como faixa etária, renda, acesso a água e esgoto encanado e número de habitantes por residência.

Assim, os bairros periféricos e os municípios em que acesso a esse tipo de benfeitoria é precário são mais propensos a ter problemas com a doença causada pelo Covid-19.

Jornal Opção