O bloqueio nas rodovias goianas por bolsonaristas que não aceitam o resultado das urnas causou desabastecimento em um mercado de Goiânia, que colocou aviso para dizer que não ia cumprir o preço de uma promoção. Uma esteticista cancelou consulta médica e alunos contaram que aulas na Universidade Federal de Jataí, nesta terça-feira (1º), foram suspensas.
A Justiça Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) determinaram a liberação das estradas. A Polícia Rodoviária Federal informou que está presente em todos os pontos tentando o desbloqueio.
Com a decisão do STF de permitir que a Polícia Militar trabalhe no desbloqueio, o Governo de Goiás colocou tropas especializadas para desobstruir quase 30 trechos fechados no estado. A PM está agindo nas rodovias estaduais e depois vai dar suporte nas federais.
A situação mais crítica parece ser a da BR-060, em Anápolis, que está totalmente bloqueada há mais de 24 horas. Tem filas de caminhões para todos os lados.
A Triunfo Concebra, que administra a rodovia, disse que tem 11 km de congestionamento no sentido sul e 19 km no sentido norte.
De acordo com a PRF, foram feitos desbloqueios, nesta terça-feira, em Abadiânia, Acreúna, Aparecida de Goiânia, Caiapônia, Campo Alegre, Itumbiara, Mineiros, Rialma, Rio Verde e Terezópolis.
Impacto na população
Tem dois dias que o comerciante Ismar Rodrigues da Silva tenta chegar em casa, em Uberlândia (MG). Desde que saiu de Brasília, ele foi parado nos bloqueios de Luziânia, Cristalina e Catalão.
“Com essa situação, eu acho que é despeito. Um atraso de vida”, lamentou o comerciante.
Por conta do fechamento da BR-040, em Luziânia, a diarista Marilene da Silva não foi trabalhar em Brasília, na segunda-feira. Na manhã desta terça-feira, ela também não conseguiu ir.
“Avisei que não podia ir. A minha patroa também viu pelas reportagens que não tinha como chegar a Brasília. Está muito complicado”, comentou Marilene.
A esteticista Graziele Duarte, moradora de Luziânia, precisou desmarcar uma consulta médica em Brasília, que fica próximo à cidade. Ela não conseguiu pegar ônibus para ir à clínica.
“Tinha médico em Brasília e tive que remarcar para outro dia porque não consegui resolver. Está um caos”, lamentou.
Um supermercado em Goiânia colocou aviso para explicar que não conseguirá cumprir uma promoção no preço da batata inglesa porque o bloqueio impediu que o estoque fosse reposto (veja abaixo).
Em Jataí, a BR-364 está parcialmente bloqueada. Os manifestantes estão liberando somente a passagem de ambulâncias e caminhões transportando cargas vivas e perecíveis.
Alunos contaram que aulas foram suspensas no campus Jatobá, da Universidade Federal de Jataí, por causa do bloqueio.
O estudante Gabriel Nascimento de Castro disse não tem carro e só consegue ir ao campus por meio de ônibus. “O coletivo não tem conseguido circular na região”, explicou.
Andre Gustavo Lopes Vitor, também estudante da UFJ, contou que as atividades no campus estão completamente suspensas.
“A gente não consegue fazer pesquisa, não consegue fazer extensão. Fomos foi muito prejudicados com o bloqueio”, desabafou.
Uma professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG) relatou momentos de terror ao ser parada por manifestantes quando tentava chegar à instituição para dar aula.
“Tentei explicar que precisava ir dar aula. Me disseram que se eu era professora, teria votado no Lula, e não passaria de jeito nenhum”, contou.
A docente conseguiu fazer o retorno e voltar para casa, em Goiânia. Ela diss que foi agredida psicologicamente e está abalada.
G1 Goiás