Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira, 29, mostram que, em 2019, ano pré-pandêmico, o comércio goiano bateu recorde frente à série histórica iniciada em 2007, com crescimento de 7,2% de lojas em relação ao ano anterior. Apesar de, segundo o economista Aurélio Troncoso, não ser um porcentual que se possa equiparar com o cenário atual, representantes do setor comercial estão confiantes para a temporada deste fim de ano.Relacionados

O levantamento do IBGE mostrou que, em 2019, o número era recorde: Goiás fechou o ano com cerca de 65,4 mil lojas em funcionamento. Com as grandes dificuldades enfrentadas no mercado durante a pandemia, especialmente no ano de 2020, não se sabe exatamente como se encontram os números atuais. No entanto, a partir do avanço da vacinação contra o coronavírus e a retomada comercial, as expectativas são positivas.

Presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi acredita que o Natal de 2021 será o melhor momento do setor comercial desde março de 2020, quando o período da pandemia se iniciou no Brasil. “Sem dúvidas vai ser bem diferente de 2020 um ano para ser esquecido, foi muito ruim para o comércio”, afirma. Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços do Goiás (Acieg), concorda. Como o período do fim do ano costuma ser um momento em que tradicionalmente se contrata muita mão de obra temporária, muitas pessoas serão recolocadas e o mercado continuará se aquecendo gradativamente.

Para Aurélio Troncoso, no entanto, apesar de o mercado estar começando a se reerguer após um grande período de crise, alcançar o patamar pré-pandêmico não será fácil ou rápido. “O mercado está voltando devagar, acho que vamos demorar dois ou três anos para o mercado ficar normal, mais perto da realidade que era antes”, pontua o economista.

Baixa remuneração


A diferença entre expansão do comércio goiano frente à remuneração foi um outro ponto ressaltado pelo levantamento do IBGE. Em 2019, no ranking nacional, enquanto o setor comercial ocupou o 8º lugar entre os Estados brasileiros, a posição quanto a remuneração paga aos funcionários colocou a unidade federativa em 12º lugar. Para o presidente da Acieg, essa diferença pode ser justificada pela falta de mão de obra qualificada no mercado, que considera ser incompatível com a demanda do mercado.

“Temos um problema seríssimo na qualificação de mão de obra. Existem muitas vagas de trabalho abertas e infelizmente nesse momento estamos vendo muitas empresas não conseguirem completar seus postos para novas vagas porque não tem qualificação. Assim, elas acabam contratando de qualquer forma e pegando pessoas com menos experiências, o que acarreta na diminuição da remuneração”, opina.

Para ele, esse é um problema que deve ser resolvido gradualmente em ação conjunta entre as várias esferas da sociedade. “Empresas, universidades, poder publico, entidades. Tem que ser feito trabalho conjunto com todos esses entes para que se tenha mais qualificação de mão de obra, desde o ensino técnico ao nível universitário, além de especializações pra que os quadros possam ser ocupados”, sugere.

Também foi constatada grande divergência salarial entre os próprios setores comerciais, quando se fala do comércio varejista, atacadista e de veículos. Isso, porque mesmo que o varejo corresponda 76,3% do comércio total do estado quanto se comparam remunerações, o cenário não se mantém tão positivo.

Em 2019, enquanto o varejo pagava, em média, R$ 1.499 – número que representava 1,5 salário mínimo –, o comércio de veículos remunerava seus empregados com cerca de R$ 1.946 e o atacado com R$ 2.434. A razão para essa diferença, para o presidente da Fecomércio, se dá com a própria característica de cada tipo de comércio. Isso porque, para ele, como o varejo geralmente é composto por empresas menores, de caráter popular, a média salarial consequentemente é menor.

“Veículos têm uma venda com valor agregado maior. Atacado, também. Em todos os itens o atacado vende em quantidades maiores, então acaba agregando maior valor na remuneração variável”, diz. Já para Rubens Fileti, a explicação ainda passa pela demanda de qualificação que cada tipo de empresa tem. “Alguns segmentos demandam uma mão de obra mais qualificada que outros, fazendo com que se gere um rendimento maior, e consequentemente uma remuneração maior”, conclui.

Jornal Opção