Em uma carta aberta, 16 governadores responderam ao presidente Jair Bolsonaro sobre repasses do governo federal a estados. Bolsonaro, que tem dito que faz sua parte no combate à pandemia de Covid-19, publicou no domingo (28), em suas redes sociais, valores repassados aos estados em 2020. Os governadores disseram que os repasses são uma “obrigação constitucional” do governo federal e que a parcela efetivamente enviada para a área de saúde foi “absolutamente minoritária”.
O Brasil passa pelo momento mais crítico desde o início da pandemia, registrando recordes na média móvel de mortes e escassez de leitos de UTI em diversos estados. Diversos governadores nos últimos dias decretaram medidas de intensificação do isolamento social e fechamento do comércio, que desagradam o presidente. Nesse contexto, Bolsonaro foi às redes sociais para divulgar as verbas enviadas aos estados.
Para os governadores, Bolsonaro tratou os repasses como se fossem uma ‘concessão’ ou um “favor” aos “ocupantes dos cargos de chefe do respectivo Poder Executivo”. Eles ressaltaram que, na verdade, se trata de “expresso mandamento constitucional”.
“Nesse sentido, a postagem hoje [domingo (26) ] veiculada nas redes sociais da União e do presidente da República contabiliza majoritariamente os valores pertencentes por obrigação constitucional aos estados e municípios, como os relativos ao FPE [Fundo de Participação dos Estados], FPM [Fundo de Participação dos Municípios], FUNDEB [fundo para a educação], SUS, royalties, tratando-os como uma concessão política do atual governo federal”, escreveram os governadores na carta.
Os governadores também disseram que Bolsonaro “parece priorizar a criação de confrontos” num momento em que o país precisa de ação conjunta entre União, estados e municípios para enfrentar o momento mais agudo da pandemia.
Eles acrescentaram ainda que os valores listados por Bolsonaro são usados para ações em áreas como: “educação, segurança, estruturas de atendimento da saúde, justiça, entre outras”.
“Em relação aos recursos efetivamente repassados para a área de Saúde, parcela absolutamente minoritária dentro do montante publicado hoje, todos os instrumentos de auditoria de repasses federais estão em vigor. A estrutura de fiscalização do Governo Federal e do Tribunal de Contas da União tem por dever assegurar aos brasileiros que a finalidade de tais recursos seja obedecida por cada governante local”, completaram os governadores.
Os 16 governadores que assinam a carta são:
- Renan Filho, Alagoas
- Waldez Góes, Amapá
- Camilo Santana, Ceará
- Renato Casagrande, Espírito Santo
- Ronaldo Caiado, Goiás
- Flávio Dinho, Maranhão
- Helder Barbalho, Pará
- João Azevedo, Paraíba
- Ratinho Júnior, Paraná
- Paulo Câmara, Pernambuco
- Wellington Dias, Piauí
- Cláudio Castro, Rio de Janeiro
- Fátima Bezerra, Rio Grande do Norte
- Eduardo Leite, Rio Grande do Sul
- João Doria, São Paulo
- Belivaldo Chagas, Sergipe
G1