Lei islâmica determina o apedrejamento até a morte por sexo gay e adultério.
A barbárie legitimada no pequeno sultanato de Brunei pela aprovação de novo Código Penal, que autoriza o apedrejamento até a morte de homossexuais, deflagrou uma vigorosa campanha de celebridades pelo boicote a nove hotéis luxuosos que pertencem ao sultão Hassanal Bolkiah.
A lei islâmica, ou sharia, sustenta este pacote de leis, que ainda prevê a amputação de mãos em caso de roubo e o açoitamento de mulheres que abortam. Como reação, o ator George Clooney, o músico Elton John e a apresentadora Ellen DeGeneres lideram a cruzada contra o segundo monarca mais rico do mundo, há meio século no poder, que ostenta uma fortuna pessoal avaliada em US$ 27 bilhões.
“Toda vez que nos hospedamos, fazemos reuniões ou jantamos em qualquer um desses nove hotéis, estamos colocando dinheiro diretamente nos bolsos de homens que escolhem apedrejar e chicotear até a morte seus próprios cidadãos por serem gays ou acusados de adultério”, explicou George Clooney.
Da ONU e da Anistia Internacional vieram condenações. Universidades britânicas, como King’s College, Oxford e Aberdeen, estudam retirar títulos concedidos ao sultão, de 72 anos. Há meio século no comando do país, ele ostenta riqueza em propriedades e carros banhados a ouro. Desde 2014, ele vem intensificando também duras punições a homossexuais na monarquia de 430 mil habitantes.
A sharia ainda é aplicada em países como Afeganistão, Irã, Arábia Saudita e Paquistão. Um caso notório que despertou a comoção da comunidade internacional foi o da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, em 2006, acusada de adultério e conspirar para o assassinato do marido. Uma campanha internacional a salvou da execução. Mas, ainda assim, recebeu 99 chibatadas como punição.
O boicote à cadeia de hotéis do sultão surtiu algum efeito. Uma lista com a relação dos nove hotéis cinco estrelas dosultão é replicada com velocidade em mídias sociais. Depois da reação furiosa e da repercussão negativa, a maioria — o Dorchester, em Londres, e o Beverly Hills, em Los Angeles, por exemplo – fecharam suas contas em redes sociais.
Quando as primeiras leis foram implementadas, em 2014, celebridades também lideraram campanha parecida. Mas os lucros da cadeia Dorchester só cresceram.
Por isso, é pouco provável que o boicote, apesar de chamar a atenção da comunidade internacional para as violações de direitos humanos, resulte na revisão do Código Penal, como pretendem seus defensores. A pressão de países vizinhos, compradores de petróleo e gás do Brunei, é que poderá, sim, desequilibrar esta balança.
Fonte: Blog da Sandra Cohen