Quando a equipe americana seguiu para a disputa das argolas, o gesto foi institivo. Nas arquibancadas, o time brasileiro pegou o celular e foi às contas. Àquela altura, a equipe havia acabado de ser ultrapassada na contagem após a passagem dos rivais pelo cavalo com alças. O bom desempenho horas antes nas argolas dava esperança, mas exigia a matemática. E a matemática não chega a ser uma especialidade do quarteto, campeão por equipes do Pan-Americano de Lima.

– Hoje eu vi que não sou bom (em matemática), não – brincou Arthur Zanetti.

O campeão olímpico assistiu à segunda subdivisão da disputa por equipes ao lado da mãe e da mulher. Quando o time americano se preparou para encerrar a disputa, Zanetti passou a fazer contas no celular. Quis, até, acelerar as contas. Esqueceu que Brody Malone ainda tinha chances de mudar os números e festejou. Por sorte, os 13.550 que o americano recebeu não influenciou no somatório.

– Agora, no final, eu achei que o Brasil já tivesse ganhado, mas não, ainda faltava uma nota do americano. E eu comemorando, mas não tinha a certeza. Quando saiu a última nota, e os brasileiros comemoraram, eu perguntei se a gente já não tinha ganhado, mas ainda não. Eu estava fazendo as contas de todos os jeitos, mas deu tudo errado. Eu estava fazendo contas somando, dividindo, multiplicando. Mas só queria ganhar. O time do Brasil foi maravilhoso e ganhou essa bolacha – brincou Zanetti.

Arthur Zanetti no Pan de Lima — Foto: Ricardo Bufolin / Panamerica Press / CBG
Arthur Zanetti no Pan de Lima — Foto: Ricardo Bufolin / Panamerica Press / CBG

As contas não foram realmente muito simples. Com um time de jovens revelações, os Estados Unidos pagaram pela inexperiência no início. Aos poucos, porém, o time cresceu de rendimento e tomou a liderança da competição dos brasileiros a um aparelho do fim. Mas, com uma atuação apenas mediana, voltou a perder o fôlego na disputa das argolas.

– A competição por equipes é mais divertida, mais gostosa, tem mais pressão. E esse era o objetivo do Brasil, ter bons resultados por equipes. Agora cada um tem suas finais individuais. Dá para analisar o aparelho, modificar uma série ou outra, mas isso é meu chefe quem vai dizer.

E o chefe disse. Marcos Goto festejou a vitória da equipe formada por Arthur Nory, Chico Barreto e Luis Porto, além de Zanetti. O técnico disse que a equipe precisa melhorar em alguns fundamentos até o Mundial de Stuttgart, em outubro.

– Nosso objetivo principal era preparar a equipe para o Mundial. E acho que todo mundo viu que o cavalo enosso maior problema. Está bem na cara que o cavalo está bem aquém que os outros aparelhos.

Zanetti e Chico estavam na equipe do Brasil no Pan de Guadalajara, em 2011, quando o país conseguiu seu primeiro título da competição. Eles agora são bicampeões pan-americanos. Caio e Nory estavam na equipe vice-campeã em Toronto 2015. Luis estreou no Pan já com o ouro.

O Brasil faturou a medalha de ouro por equipes na ginástica artística e mais 12 vagas nas finais individuais.Todos tiveram importante participação. Zanetti puxou o grupo nas argolas com um bela nota. Nory colocou suas notas em todos aparelhos no somatório da equipe. Chico teve uma competição 100% e foi fundamental para salvar o cavalo com alças do Brasil. Caio brilhou especialmente no salto e nas barras paralelas. E o caçula Luis também voou no salto.

O Pan de Lima foi um ensaio de luxo para o Brasil de olho no Mundial de Stuttgart, em outubro. Na Alemanha, os brasileiros vão buscar uma das nove vagas na disputa por equipes para a Olimpíada de Tóquio 2020 – China, Rússia e Japão já estão garantidos.

Fonte: Globoesporte.com