Presidente da Agetul garantiu que a primeira semana terá entrada gratuita até sexta-feira (5). Corpo de Bombeiros ainda não fez vistoria final e Crea ainda não se posicionou a respeito.
Dois anos após um acidente com o brinquedo Twister que deixou 13 pessoas feridas, a Prefeitura de Goiânia prevê a reabertura do Parque Mutirama para este sábado (29). Após reunião com o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), ficou acordado que 17 atrações estarão funcionando, que são as que têm laudo de segurança, porque passaram por revitalização e manutenções necessárias.
Segundo presidente da Agência Municipal de Turismo (Agetul), entrada será gratuita até sexta-feira (5). “Toda a segurança das crianças […] está assegurada. Nos primeiros sete dias a entrada vai ser franca, não será cobrado ingresso”, garantiu.
Apesar dos anúncios da Agetul, o Corpo de Bombeiros não havia sido chamado para fazer a vistoria final até por volta de 6h40 desta sexta-feira (28).
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) disse, por meio e nota, que “está aguardando o envio de documentos” e só então irá se posicionar.
A promotora Leila Maria de Oliveira se reuniu com o presidente da Agetul, Urias Magalhães, e informou que 17 brinquedos estarão funcionando porque são os que já têm laudos.
“O parque vai reabrir no sábado, com funcionamento apenas dos brinquedos que passaram por manutenção e que tenham laudo técnico conclusivo de que estão seguros”, assegurou.
Apesar de ter avaliado como possível a reabertura, a promotora disse que tudo volta a ser fechado a qualquer sinal de problema.
“Mesmo abrindo, se houver qualquer irregularidade, eu posso pedir que feche novamente. Agora, acredito que não haverá. O parque tem uma função social muito grande de inclusão social das pessoas”, afirmou.
Segurança
Mães que costumavam levar as crianças ao local seguem traumatizadas com o acidente. A maioria das entrevistadas pelo G1 relatam que, mesmo depois das reformas, não têm intenção de voltar ao parque.
“Eu sempre trazia eles, mas agora não tenho mais coragem. Eles gostavam muito, mas eu ainda tenho medo. Acho melhor não arriscar”, avaliou advogada Gisele Oliveira, de 37 anos, que tem filhos de 9 e 3 anos.
A servidora pública Fabiane Pereira, de 36 anos, compartilha da mesma opinião. Segundo ela, as crianças de 8 e 3 anos adoravam ir ao Mutirama e até hoje pedem para voltar a brincar lá. No entanto, ela se sente na obrigação de negar os pedidos dos filhos.
“Viemos várias vezes, eles gostavam. A última vez foi dez dias antes daquele acidente. Infelizmente ainda estamos com medo. Falta segurança. Não sei se vai ter uma perícia competente o suficiente para afirmar que está mesmo seguro”, comentou.
Ainda de acordo com ela, as cenas do acidente com o Twister há dois anos não saem da memória.
“A imagem daquela mulher com a perna machucada marcou muito”, completou.
Mãe de três filhos, de 9, 6 e 4 anos, Lidiane de Paula Montenegro, de 32 anos, também não pretende retornar, mesmo depois das manutenções.
“Nós viemos umas três vezes antes, mas agora não levo mais. Vimos que a situação estava muito precária, sem manutenção, não tinha documentos”, opinou.
Mudanças
O engenheiro responsável pelo parque, José Welinton Dias Coelho, contou que há 19 brinquedos no parque em condições seguras de uso. Na terça-feira (25), ele falou que os laudos ainda estavam sendo terminados, mas que pretendia entregar tudo antes de sábado.
Responsável pelo Mutirama há pouco mais de um ano, ele disse que chegou já para trabalhar nas mudanças que precisavam ser feitas para readequar os brinquedos às normas de segurança exigidas.
Ainda de acordo com ele, de todos os brinquedos do parque, quatro não devem funcionar: Teleférico, Casa Mal-assombrada, Torre e Music Express.
Os dois primeiros, segundo ele, não passaram por manutenção porque o valor seria muito alto. “A Casa foi muito destruída por vândalos, os equipamentos têm que ser todos trocados, creio que só ela seria cerca de R$ 1 milhão para arrumar. O Teleférico seria mais R$ 400 mil”, avaliou.
A Torre, o engenheiro disse que será leiloada como sucata, porque já não está mais em condições devido ao tempo de uso. “Como também é caro para retirar ela daqui, quem for compra-la também vai arcar com esse custo”, afirmou.
No caso do Music Express, o brinquedo está em ótimas condições e passou por todas as reformas e manutenções necessários, segundo o engenheiro. No entanto, até terça-feira (25) ainda faltava um equipamento que permite que os motores comecem devagar e depois aumentem a velocidade. Sem isso, ele não pode operar.
Todos os quiosques foram retirados e nova licitação foi feita para escolher os comerciantes que vão atuar no parque. A previsão é que as barraquinhas sejam móveis.
O engenheiro disse ainda que foi instalado um para-raios, que não existia antes. Segundo ele, todos os brinquedos e grades foram ligados a um fio terra, que também não existia. “Tudo isso é para evitar que o usuário tome choque”, afirmou.
Outro sistema de segurança instalado em todos os brinquedos do parque foi o botão de emergência que pode ser acionado pelo operador no caso de alguma situação de perigo e o brinquedo para. Segundo José Wellington, nem todos os brinquedos tinham esse dispositivo.
Por fim, o engenheiro mostrou que cerca de 60 pessoas estão passando pelo treinamento para operar os brinquedos. Antes da reabertura do Mutirama, todos devem ser treinados na operação de todos os brinquedos, conforme José Wellington.
Veja algumas mudanças citadas por ele em cada um dos brinquedos que estão funcionando:
Roda-gigante
- Colocado guarda-corpo de acrílico nas gôndolas; das 20 que o brinquedo comporta, há metade ainda sendo refeita depois de serem atingidas por uma árvore que caiu durante uma chuva
Escorregador
- Foram restauradas partes que estavam lascadas e desníveis
- Foi colocado um colchão mais grosso para a chegada ser mais confortável
Telecombate
- Troca de todos os “braços” que seguram as navezinhas
- Refeito o sistema elétrico do brinquedo
- Por meio de ultrassom e exame da partícula magnética, os técnicos viram uma pequena fissura no eixo central (a mesma peça que se rompeu no Twister) e ele foi trocado
Bate-bate e Mini Bate-bate
- Todos os carrinhos tiveram motores revisados e passaram por manutenção
Trenzinho
- Os dois passaram por revisão geral, os motores passaram por manutenção e ambos funcionarão na pista
Autorama
- Apenas os cascos dos carrinhos foram mantidos; todo o resto foi trocado
- Os cintos de segurança agora são como os carros: retráteis, porque se ajustam ao corpo da pessoa
Helicópteros
- Os cintos de segurança foram trocados por de três pontos e também são retráteis, porque se ajustam ao corpo da pessoa
- Também foi colocada uma portinha em cada cabine para reforçar a segurança
Carrossel e Mini-carrossel
- Rachaduras foram reparadas e os cavalinhos repintados
- Os motores passaram por manutenção, assim como sistema elétrico
Montanha-russa
- O sistema de automação, hidráulico e sensores de freio foram refeitos
- Os carrinhos foram desmontados e remontados; tiveram as rodinhas trocadas por novas de material mais adequado
- Trava de segurança dos carrinhos foi substituída por uma que só pode ser aberta pelo operador, quando a cabine estiver parada no ponto de partida; antes era possível abrir a trava de segurança do colega da frente
Red Baron
- Teve todos os pinos e pontos de fixação (que ligam as gastes umas às outras) trocados
- As hastes que seguram os aviõezinhos foram repintadas e, as que estavam com ferrugem, foram trocadas por peças de inox
- Os cintos de segurança foram trocados por de três pontos e também são retráteis, porque se ajustam ao corpo da pessoa
- Instalado sistema que permite que o brinquedo comece devagar e só depois acelere
- Foi colocada uma tenda para que as crianças e a máquina não fiquem expostas ao sol
Xícara maluca
- Sistema elétrico foi reformado
- Sistema de freios foi atualizado, já que o anterior não estava funcionando
Mini-montanha russa
- Passou por repintura e manutenção das peças
Castelo
- Como é um brinquedo em que o carrinho passa por um “rio”, toda a estrutura passou por impermeabilização total
- A TV havia sido roubada, mas outra já foi comprada e guardada em local seguro
Cine 4D
- Foi consertada infiltração
- Parte do teto que estava desabando foi refeito
- O isolamento acústico era igual o da Boate Kiss e propagava o fogo, mas foi substituído por uma espuma segura que não propaga o fogo
Barca Viking
- Foi trocado o local da fila para que as pessoas que esperam para entrar no brinquedo não fiquem sob a barca
- As barras de segurança foram refeitas e as que tinham ferrugem foram trocada por inox
- Instalados cinto como segundo sistema de segurança além da barra
- Espaço sob o brinquedo onde é feita a manutenção passou por adaptação e o brinquedo não funciona se a porta desse local estiver aberta, por questões de segurança
Slpash e Minisplash
- Os sistemas hidráulico e elétrico foram refeitas
- Os carrinhos passaram por reforma
- Inserido cinto de segurança