A Organização das Nações Unidas (ONU) informou, nesta sexta-feira (26), que investigará as denúncias de que sobreviventes de um ciclone devastador em Moçambique têm sido forçadas a fazer sexo com líderes comunitários em troca de comida.

Mais de mil pessoas morreram, e milhares tiveram que fugir de casa quando o ciclone Idai se abateu sobre Moçambique antes de seguir terra adentro para o Maláui e o Zimbábue, em um dos piores desastres climáticos a atingir o hemisfério sul.

O anúncio da ONU veio um dia depois de a Human Rights Watch (HRW) publicar relatos de mulheres sobreviventes que disseram ter sido abusadas por líderes locais e no momento em que uma segunda tempestade intensa, o ciclone Kenneth, golpeia a nação africana.

Os líderes comunitários — que se acredita terem ligação com o partido governista Frelimo — exigiram dinheiro dos sobreviventes para incluir seus nomes em listas de distribuição de ajuda, e outros coagiram mulheres a fazer sexo por um saco de arroz, disse o grupo de direitos humanos.

“A ONU tem uma política de tolerância zero com exploração ou abuso sexual. Não é, e nunca será, aceitável que qualquer pessoa em uma posição de poder abuse dos mais vulneráveis, ainda menos em sua hora de maior necessidade”, disse a Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha, na sigla em inglês) em um comunicado.

Autoridades da agência de gerenciamento de desastres de Moçambique não se manifestaram até o momento. A Unocha disse que transmitiu a mensagem clara, por diversos canais de comunicação, de que a ajuda é gratuita e que exploração e abuso sexuais são inaceitáveis.

A agência informou ter treinado centenas de agentes humanitários e voluntários sobre prevenção de exploração e abuso sexuais e acrescentou que existem “orientações claras e estabelecidas para o encaminhamento de qualquer caso em potencial” de crimes do tipo.

A HRW disse ter conversado com 12 mulheres de Nhamatanda, distrito do centro de Moçambique, que foram exploradas sexualmente, e ter relatos de agentes humanitários e moradores de outras partes do país assoladas pelo Idai, incluindo a cidade portuária de Beira.

Fonte: Jornal Extra