Município vive declínio da arrecadação após denúncias envolvendo médium João de Deus

Representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Senac se reuniram na tarde de quinta-feira (21) para discutir ações que possam alavancar o desenvolvimento econômico do município de Abadiânia, localizado a 90 quilômetros. A cidade de pouco mais de 19 mil habitantes viu a arrecadação cair em cerca de 80% após denúncias envolvendo o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, que comandava a Casa Dom Inácio de Loyola, principal ponto de turismo religioso do município, que atraía fiéis de diferentes países. A união de forças em prol de Abadiânia deve reunir outras entidades do Sistema S.

Segundo a analista do Sebrae, Mara Cristina, a cidade tem cerca de 5 mil leitos, cuja ocupação estava diretamente ligada ao movimento provocado pela casa de atendimento espiritual. Após a prisão de João de Deus, em dezembro de 2018, o impacto na economia local foi imediato. “O que encontramos agora é uma grande oferta de mão de obra ociosa, gente que perdeu sua principal fonte de sustento”, pontuou Mara. O próprio prefeito do município, José Aparecido Alves Diniz, procurou o Sebrae em busca de parcerias que possam reacender o movimento na região.

Em contato com o Senac, representado na reunião pela diretora da Faculdade Senac, Lívia Andrade; pelo vice-diretor Lionísio dos Santos; pelo diretor de Educação Profissional, Juliano de Morais; e pela coordenadora técnica do Senac, Amália Cardoso, a analista do Sebrae apresentou a situação da cidade e as possíveis alternativas para o reaquecimento da economia do município. Conforme definido na reunião, o Senac deverá atuar como parceiro em pesquisa sobre o perfil do empresário da região e das potencialidades da cidade, fora o turismo religioso, levantamento considerado essencial para a elaboração de novas políticas de desenvolvimento.

A diretora da Faculdade Senac, Lívia Andrade, explicou que os alunos do curso de Gestão Comercial podem atuar como pesquisadores, ajudando na elaboração do diagnósticos que definirá as próximas ações no processo de reestruturação. “Já fizemos contato com alguns alunos, os quais se dispuseram a participar. Vivenciar uma situação tão real e tão urgente é um desafio que vai enriquecer muito o currículo deles”, considerou. A ideia é que grupos de alunos sejam divididos em turnos e possam visitar o município, localizando micro e pequenos empresários e identificando cadastros de pessoas jurídicas que não mais atuam como empresas.

Para Juliano de Morais, para além desse diagnóstico inicial, a Faculdade Senac tem muito a oferecer em fases futuras dessa parceria. “O diagnóstico é urgente, até para que possamos definir os próximos passos, mas já podemos dizer que o Senac tem muito a oferecer nas etapas seguintes, capacitando os moradores da região para que possam buscar seu sustento de outra forma, com outro viés”, explicou. Uma das metas da parceria entre Senac e Sebrae é identificar as possibilidades, explorar novos nichos econômicos e incentivar atividades culturais e artísticas. A primeira fase do trabalho deve ser concluída ainda no mês de março.