A manutenção das atividades com os Grupos Reflexivos sobre Gênero e Violência Doméstica do Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei), que em razão da pandemia de Covid-19 passaram a ser realizadas de forma virtual, fez com que o índice de reincidência registrado entre autores de violência contra a mulher participantes fosse praticamente zero.

O Crei integra a Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) e suas ações compõem a política de combate à violência doméstica do governo de Goiás.

“Esses autores de violência erraram e estão tendo uma nova chance. Diante da possibilidade de aumento dos casos de agressão, em consequência do isolamento social, sabíamos que era necessário dar continuidade aos encontros, mesmo que de forma virtual. E o resultado está, até então, muito acima do esperado”, observa a secretária da Seds, Lúcia Vânia.

Por videoconferência, as sessões são realizadas com 91 participantes, divididos em dois grupos de homens autores de violência doméstica, com as atividades nas segundas e quartas-feiras. Além deles, há um outro grupo para suporte às mulheres vítimas de violência familiar.

Todos os participantes são acompanhados nos encontros por uma equipe multiprofissional constituída por advogados, assistentes sociais e psicólogos. O trabalho é feito em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em conformidade com a Lei Maria da Penha. A realização desses encontros de forma virtual teve aval do Conselho Federal de Psicologia.

“Foi muito bom. Um aprendizado. Eu participei [dos grupos] de setembro até dezembro [2019]. Finalizei o ciclo lá. Participei por três meses. Aprendi muito com as outras pessoas também. Foi muito bom”, diz Weber Júnio da Silva, que participou de outras turmas dentro desse método. Ele, que tem duas filhas e a esposa está grávida e espera um menino, explica que melhorou muito a convivência familiar depois que ele frequentou o curso. “Uma diferença total no convívio dentro de casa.”

Weber aconselha outras pessoas que também erraram ou que tenham problemas de convivência familiar. “Que parem e pensem antes de qualquer atitude”, diz ele, que garante que de todas as tentativas que já fez a de participar dos grupos foi a melhor. Por isso ele afirma que recomenda o trabalho dos grupos.

Ele conta que as agressões ocorreram há seis anos e que ele e a esposa se separaram enquanto ele respondeu ao processo e, posteriormente, frequentou o grupo do Crei. “A mesma pessoa que registrou queixa hoje é minha atual esposa. Então, quando a gente voltou, foi tudo diferente. Aprendi muito com a perda e mudei. E o curso e as palestras fecharam com chave de ouro. Foi tudo diferente”, revela Weber.

Estrutura humana de apoio

Psicóloga que compõe a equipe multiprofissional e acompanha os grupos, Heloisa de Castro Eleuterio revela que foi obtida participação maciça e efetiva de todos os integrantes dos grupos no formato. “As sessões virtuais trabalham os mesmos temas que seriam trabalhados na forma presencial. Acreditamos que os objetivos sejam alcançados na sua totalidade.”

Dentro da diversificação dos canais de atendimento durante a pandemia, o Crei oferta ainda orientação e acompanhamento jurídico para mulheres vítimas de violência doméstica de forma on-line, por meio do telefone funcional. A partir de avaliação é marcado o atendimentos presencial, caso seja necessário. Também estão sendo realizadas ligações de acompanhamento para supostos autores de violência doméstica que já eram assistidos pelo Crei, mas que não estão nos grupos reflexivos.

Comunicação Seds