A comissão mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao combate da Covid-19 deverá ouvir, na sexta-feira (13/11), o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

O objetivo é esclarecer a suspensão nesta semana, pela Anvisa, dos estudos clínicos da vacina Coronavac, conduzidos pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech. A  comissão quer ainda informações sobre o apagão no Amapá, e para isso vai ouvir, na próxima terça-feira (17), o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone.

A intenção do presidente do colegiado, senador Confúcio Moura (MDB-RO), é discutir os dois assuntos, um em seguida ao outro. “Não dá para deixar para a semana que vem”, afirmou. “No primeiro tempo, a das vacinas. E logo a seguir a outra. Aí matamos, em uma só pancada, os dois temas urgentes que nos afligem indiferentemente a todos nós.”

Vacina
A vacina Coronavac é alvo de divergências entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. Os testes foram suspensos, na segunda-feira, após a morte de um voluntário participante do estudo, informada como sem vinculação com a vacina. Notícias veiculadas na imprensa dão conta de que a morte teria sido por suicídio.

A Anvisa autorizou a retomada dos estudos nesta quarta-feira. O que os parlamentares esperam é que, até sexta, os testes tenham sido retomados. O pedido é para que se evite a politização do tema.

“Estão brincando com a saúde e com a cabeça das pessoas. Tem um monte de gente apavorada, dizendo que não vai tomar vacina. A gente precisa chamar a todos, debater isso e tentar transmitir isso para a população, fazer que toda a mídia replique isso de forma clara e cristalina”, defendeu o deputado Felício Laterça (PSL-RJ).

A senadora Eliziane Gama, por sua vez, saiu em defesa da autonomia da Anvisa, que não deve se submeter a pontos de vista políticos. “Há notadamente uma postura ideológica e política, não uma postura técnica, contrariando o anseio da população brasileira e a ciência. Não podemos aceitar”, criticou.

Também para o deputado General Peternelli (PSL-SP), o foco deve ser “o bem comum da população brasileira”. “O Brasil é referência mundial em cobertura vacinal e deve permanecer assim.”

Apagão
O pedido para ouvir o diretor da Aneel veio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na reunião desta quarta, ele relatou o sofrimento por que passa a população do Amapá após quatro dias sem energia e nove de racionamento.

“Imagine alguém ficar quatro dias sem energia, quatro dias sem água e começar a ter fila para tudo. Fila para abastecer o carro, para tirar dinheiro nos caixas eletrônicos. Ausência de bens de primeira necessidade nas prateleiras dos supermercados, reajustes indiscriminados de preços. Muito se falou no caos na Venezuela; mas, se existe um caos, é o que vive o Amapá neste momento”, lamentou.

Rodrigues acrescentou que famílias pobres perderam geladeira e outros eletrodomésticos e agora não têm sequer dinheiro para comprar outros utensílios e nem mesmo comida.

O senador disse esperar que o drama se resolva. Ele reclamou ainda de o presidente Jair Bolsonaro não ter ido ao estado. “O que aconteceu aqui não foi culposo, foi doloso. Não é somente ter deixado uma empresa privada (Isolux) sucateada, já falida, cuidando da energia de 800 mil pessoas. É mais grave que isso. É não ter fiscalizado. O presidente da Aneel não pode falar como se nada tivesse a ver com isso”, disse.

O deputado General Peternelli acredita que a empresa deve ser acionada judicialmente e responder pelo transtorno causado à população.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também demonstrou preocupação com a privatização de distribuidoras de energia. “Aqui no Distrito Federal, estamos em processo de privatização da CEB distribuidora. Uma empresa estratégica totalmente viável. Evidente que falta gestão, mas é um momento de reflexão se devemos privatizar nossas instituições estratégicas. Não tem sentido isso. Imagine uma empresa como essa do Amapá ganhar o leilão e administrar a nossa cidade, a capital da República”, observou o parlamentar.