A Arábia Saudita permitirá que 60 mil de seus residentes vacinados contra o coronavírus façam o hajj, a grande peregrinação muçulmana a Meca, que deve ocorrer em julho, um número drasticamente reduzido pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia de Covid-19.

Quem quiser fazer o hajj deve ser residente ou nacional, ter entre 18 e 65 anos, não sofrer de doença crônica e ter sido vacinado, informou neste sábado (12) o Ministério do Hajj e da Umrah saudita em nota divulgada pela agência oficial SPA.

Durante o último hajj, um dos cinco pilares do Islã, apenas cerca de 10 mil fiéis residentes na Arábia Saudita puderam realizar esse rito, contra 2,5 milhões de participantes de todo o mundo em 2019.

“Considerando a enorme multidão que realiza o hajj, passando longos momentos em vários locais específicos, é necessário o mais alto nível de precaução”, acrescentou o Ministério do Hajj, indicando que as autoridades competentes continuam a monitorar a situação de saúde e, em particular, o aparecimento de novas variantes.

A peregrinação, que todo muçulmano deve fazer pelo menos uma vez na vida, se puder pagar, costuma ser uma das maiores reuniões religiosas do mundo e, nesse sentido, apresenta um alto risco de disseminação do coronavírus.

Em abril, o reino já havia anunciado que apenas os vacinados teriam permissão para realizar a umrah, a pequena peregrinação muçulmana que pode ser realizada ao longo do ano, a partir do início do mês de jejum do Ramadã, causando certo descontentamento.

A pequena peregrinação, suspensa em março de 2020 devido à pandemia, recomeçou timidamente no início de outubro com drásticas medidas sanitárias no país mais afetado pela epidemia na região do Golfo Pérsico.

Inicialmente, apenas 6 mil sauditas e estrangeiros residentes na Arábia Saudita foram autorizados a realizar a umrah a cada dia, antes de o número ser aumentado para 20 mil.

Caaba inacessível

Cerca de 60 mil pessoas estão atualmente autorizadas a fazer orações diárias na Grande Mesquita de Meca, a primeira cidade sagrada do Islã.

Não é permitido, porém, aos peregrinos tocar a Caaba, uma construção cúbica no centro da Grande Mesquita, à qual os muçulmanos de todo o mundo se voltam para orar.

A Arábia Saudita registrou oficialmente mais de 463 mil casos de coronavírus em seu solo, incluindo mais de 7,5 mil mortes.

As autoridades no reino de 34 milhões de pessoas anunciaram que administraram mais de 15 milhões de doses da vacina.

Em 2020, a redução drástica do número de peregrinos e as restrições sanitárias permitiram às autoridades proclamar que não houve contaminação durante a grande peregrinação, que não aportou, porém, dinheiro aos cofres públicos.

Em tempos normais, o hajj e a umrah rendem mais de R$ 60 bilhões por ano à Arábia Saudita, que busca diversificar sua economia ultradependente do petróleo.

A economia do reino foi duramente atingida pela queda nos preços do petróleo, exacerbada pela pandemia que afetou severamente a demanda global em 2020.

A realização do hajj não é apenas uma questão econômica para os governantes do reino, guardiões das duas cidades mais sagradas do Islã (Meca e Medina).

Uma série de desastres, incluindo uma debandada que resultou na morte de mais de 2.300 fiéis em 2015, e a limitação de peregrinações apenas a residentes e sauditas, no entanto, levaram a críticas à gestão dos lugares sagrados pelo reino.

G1