Em quatro meses, a quantidade de leitos e hospitais abertos pelo Governo de Goiás para tratar pacientes com Covid-19 alcançou a marca de pelo menos 161.067 atendimentos realizados. O dado é o mais recente da Secretaria da Saúde de Goiás (SES) e engloba o número de internações, tomografias, raios-x, eletrocardiogramas, ultrassonografias, análises clínicas, exames de RT-PCR e atendimentos de urgência e emergência e de testes rápidos, de sete Hospitais de Campanha e de quatro unidades com alas dedicadas ao tratamento de pessoas com o coronavírus, espalhadas por nove municípios: Goiânia, Anápolis, Trindade, Águas Lindas, Formosa, Luziânia, Itumbiara, Porangatu e São Luís de Montes Belos.
Apenas na capital, os hospitais de Doenças Tropicais (HDT), de Urgências Otávio Lage (Hugol) e de Campanha (Hcamp) somam 2.218 internações. Este último, o primeiro a ser inaugurado pelo governador Ronaldo Caiado, lidera não apenas nesse quesito (1.944), mas é o detentor, ainda, de outros dados expressivos: 8.386 atendimentos de urgência e emergência; 115.175 análises clínicas; 2.281 tomografias; 1.409 exames de raio-x; 307 ultrassonografias; 353 eletrocardiogramas; realização de 3.788 RT-PCR; e 1.072 testes rápidos para os colaboradores.
O socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Everton Elias da Silva, 51 anos, foi a 150ª pessoa a receber alta do HCamp de Goiânia desde que a unidade começou a funcionar, em março deste ano. “Até hoje quando vejo as reportagens, me sinto aliviado, choro mesmo”, afirma, sem titubear, sobre o misto de emoções que sentiu. O morador do bairro Cidade Jardim foi acometido pela Covid-19 há pouco mais de um mês: no início uma suspeita de resfriado, mas que só teve diagnóstico e encaminhamento corretos depois que passou pelo HCamp da capital.
Com 1,70 de altura e 112 quilos bem distribuídos, como costuma brincar, o único problema de saúde que teimou em ser um companheiro assíduo na rotina de Everton é a hipertensão. Ele diz que antes de pensar que poderia ter sido infectado pelo coronavírus, imaginou que o uso do ar-condicionado na noite anterior ao aparecimento dos primeiros sintomas seria o “vilão” da indisposição que começava a surgir. Mas não foi só uma dor de garganta que o incomodou. Febre, diarreia, perda de apetite e olfato. Tudo encadeado. “Está na hora de procurar atendimento médico”, pensou.
Foram três consultas na rede particular, via plano de saúde. Na primeira, ouviu um singelo: “não é nada; por enquanto pode ficar em casa”. Na terceira tentativa, exames mais detalhados, com coleta de urina, sangue (que apontou uma infecção) e uma tomografia de tórax, que foi clara ao mostrar o resultado: 50% dos pulmões comprometidos. Diagnóstico difícil de encarar? Sim, principalmente para quem é da área da Saúde, como Everton, e que trabalha todo dia com o limiar que separa (e une) as duas certezas que inquietam qualquer alma humana: vida e morte.
Mas já ouviu aquele ditado “sempre dá pra piorar?”. Infelizmente, acreditem, dá. Everton não conseguiu, de imediato, vaga para internação em nenhum hospital privado da capital. Ainda bem que, nessa de clichê, tem um também que não desaponta os brasileiros: “depois da tempestade, a bonança”. E ela veio quando Everton se deslocou para o HCamp de Goiânia, montado pelo Governo de Goiás, com leitos exclusivos para pacientes de Covid-19. “Depois de uma nova tomografia no tórax, fui admitido e fiquei quatro dias internado. Graças a Deus não precisei ir para a UTI”, relata.
Ao sair da unidade, em uma cadeira de rodas – “a doença desgasta muito o organismo do paciente. Eu cheguei a desmaiar no dia em que procurava internação devido à fraqueza” –, Everton não pôde exibir o sorriso de alívio, escondido debaixo de uma máscara branca. Porém, no dia da alta, o cartaz que carregava, a mão erguida, a presença da esposa Eleuza, 52, da filha mais nova Isabela, 16, e dos servidores do HCamp – que com suas roupas ou aventais nas cores azul, branco e amarelo formavam uma aquarela com o verde da camisa do socorrista – tornaram-se elementos de uma fotografia que, embora represente vitória, é melhor que fique mesmo estampada-estagnada apenas em álbuns de memórias.
Atendimento em rede
Médico, parlamentar com seis mandatos no currículo e, há um ano e meio, titular da cadeira do Executivo goiano. Com a mesma precisão cirúrgica empregada por onde passou, Ronaldo Caiado elaborou um plano preventivo para combater aquela que tem vitimado milhões no mundo e mudado, completamente, a vida dos sobreviventes. Assim que foram confirmados os primeiros casos de Covid-19 no Estado, o governador decretou a primeira quarentena que o Brasil experimentaria. E, desde então, começou a tirar do papel o plano de regionalização da Saúde que já almejava há muito para Goiás.
Em mais de uma oportunidade, Caiado foi enfático ao falar que a “política da ‘ambulancioterapia’ deixada pelas gestões passadas, que ficaram 20 anos no poder, era não somente desumana, como teria data para acabar”. O início da pandemia não permitiu uma inauguração oficial, mas desde março deste ano, já estava em operação a primeira Policlínica de Goiás, enraizada em uma das regiões mais carentes do Estado, no Nordeste Goiano.
Posse foi o município que vislumbrou o que pode ser feito quando se otimiza a gestão dos investimentos. A revisão de contratos, aliada à busca de recursos no governo federal, resultou em local moderno e equipado para que as famílias vulneráveis também usufruam de atendimento digno e humanizado na Saúde. Não importam onde estejam: nas proximidades da Região Metropolitana de Goiânia ou a quilômetros da capital.
A crise sanitária que envolveu o mundo com a disseminação rápida do coronavírus poderia ter boicotado os próximos passos que previam a integração dos atendimentos médicos e hospitalares em todas as macrorregiões. Mas, em Goiás, o que serviria para muitos como desculpa para a inoperância assumiu função catalisadora nas mãos de Caiado. Depois de transformar o inacabado Hospital do Servidor em HCamp da capital, o gestor partiu para a expansão dos leitos de UTIs com um propósito em mente: consolidar a regionalização e evitar que as cenas de cidades do Norte e Nordeste brasileiro se repetissem aqui em relação à precariedade do atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus.
Quando se somam os números dos hospitais de oito municípios – Anápolis, Trindade, Itumbiara, Formosa, Luziânia, Águas Lindas, São Luís de Montes Belos e Porangatu –, percebe-se que a estratégia de capilarização alcançou êxito: somente nessas unidades foram realizados pelo menos 26.078 atendimentos.
Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás