Depois de o Exército decidir não punir o general Eduardo Pazuello, militares da ativa avaliam, de forma crítica, que o presidente Jair Bolsonaro deu mais um passo na sua estratégia de politizar as Forças Armadas e usá-las na sua campanha pela reeleição no próximo ano.

Segundo um militar, Bolsonaro impediu, na prática, a punição a Pazuello porque deseja seguir contando com esses apoios políticos de militares para se manter à frente da Presidência da República na eleição de 2022.

Para ele, o presidente, desde o início de seu mandato, deixou claro que ter forças policiais a seu lado faz parte de sua tática de sustentação política.

A posição dentro do Exército era pela punição ao general da ativa Eduardo Pazuello, que participou, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, de um ato político no Rio de Janeiro. A participação de militares em eventos políticos é vedada pelas regras das Forças Armadas.

A maioria dos generais do Alto Comando do Exército, formado por 17 oficiais, avaliava que Pazuello cometeu uma transgressão ao Regulamento Disciplinar da Força e tinha de ser punido.

Só que, na última quarta-feira (2), em reunião virtual com o Alto Comando do Exército, o comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira comunicou que sua decisão era de não punir Pazuello, acatando seus argumentos, de que o ato no Rio não era político-partidário. Os militares classificaram de “fraca” a defesa de Pazuello.

O Alto Comando, no caso, tinha um caráter consultivo, porque a decisão era privativa do comandante do Exército.

A interlocutores, o general Paulo Nogueira confidenciou que decidiu por não punir o ex-ministro da Saúde porque estava claro que o presidente Bolsonaro não queria a punição e iria revogá-la. Segundo o comandante, se ele punisse, criaria outra crise, ainda maior, com o Palácio do Planalto e teria de deixar o posto.

G1