Apesar do otimismo ter tomado conta do setor econômico na semana passada, após reuniões com o Comitê de Gestão de Crise da prefeitura de Goiânia, a situação parece ter tomado novos rumos nesta semana. Com até datas marcadas para uma reabertura do comércio varejista para o dia 6 e da Região da 44 para o dia 13, a reunião do Comitê de Operações Estratégicas (COE), que escuta opiniões de especialistas, trouxe previsões obscuras para os próximos dias de pandemia.

Ao que tudo indica, em Goiânia já está descartada as reaberturas de comércios varejistas, shoppings, profissionais liberais e a Região da 44. De acordo com o vereador Wellington Peixoto, na última reunião do COE ficou constatada que as últimas flexibilizações causaram uma aceleração da contaminação na capital.

“Não vai flexibilizar nada nessa semana […] Vamos ter que aguardar a semana que vem, aguardar se a curva vai aumentar ou se irá permanecer para criar uma expectativa de flexibilização para a semana seguinte”, falou o parlamentar. “Infelizmente, nesta semana não vai haver nenhuma nota técnica, nenhum decreto.”

Segundo Peixoto, a previsão é que ocorra uma nova reunião do COE em 15 dias para deliberar a possibilidade de novas datas. Ele informou que segmentos planejam manifestações nesta quinta-feira, 4, em frente ao Paço para pressionar pela reabertura.

A Secretaria de Comunicação da prefeitura (Secom) informou que de fato não há possibilidade de flexibilizar na data prevista do dia 6, por conta do crescimento vertiginoso da pandemia em Goiânia.

“Não existe previsão. A prefeitura oficialmente nunca anunciou data. Ontem teve nota técnica do COE e esse material é que nos indica que nos próximos 15 dias teremos uma situação delicada. O dia 6 está descartado”, informou o secretário de Comunicação Municipal, Vassil José de Oliveira.

Presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), Rubens Fileti disse ao Jornal Opção que as entidades do comércio varejistas se reúnem na tarde desta quarta para discutir um posicionamento diante da omissão da opinião da prefeitura até o momento.

“O que temos de informação da reunião do COE, com a secretária de saúde Fátima Mrue e com integrantes do setor produtivo é que não existe possibilidade de abertura nos próximos 20 dias”, contou. “O que eles devem propor é o lockdown. Oficialmente, ninguém se posicionou em nada.”

Em nota, a Associação dos Empresários da Região da 44 (AER44) lamentou o falta de confiança da prefeitura nos empresários locais e seguiram defendendo a reabertura da localidade para o dia 13. Confira na íntegra:

A Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) vem à público manifestar sua profunda indignação com a repentina mudança de discurso por parte do Comitê de Crise de Goiânia para o enfrentamento da Covid-19, após exaustivas e longas negociações para a retomada gradual e segura do comércio na Região da 44.

Vale lembrar que em reunião, na quinta-feira (28 de maio), realizada no Paço Municipal entre integrantes do referido comitê e representantes de vários segmentos do comércio da capital ficou acordado uma data para o início da reabertura para cada setor. No caso da Região da 44, o dia estabelecido foi 13 de junho, mesmo não sendo este o pedido inicial da AER44, que solicitava a reabertura já no dia 1º.

Porém, empresários da região, compreendendo as argumentações da secretária municipal de saúde Fátima Mrué, que esteve presente à reunião, concordaram com a reabertura no dia 13, e para isso já se planejam para adotar todas a medidas previstas pela Organização de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, para uma retomada gradual e segura das atividades. Da reunião realizada no dia 28 de maio, representantes dos diversos segmentos do comércio de Goiânia saíram com um calendário com as datas previstas para reabertura de cada setor.

Nestes quase três meses de fechamento, a Região da 44, que foi de imediato parceira do poder público ao ser a primeira a assumir o compromisso de cumprir as medidas restritivas, se preparou para receber seu público da forma mais segura e responsável possível. Sob orientação de especialistas, estabeleceu 24 medidas concretas a ser adotadas, individualmente e coletivamente, pelos empreendimentos da 44 para a volta segura. Uma dessas ações preventivas é a não vinda das caravanas de compras de fora do estado, o que representa quase 70% do público do polo comercial.

Vale ressaltar que neste período, centenas de negócios, a sua grande maioria formada de micro e pequenos empresas, já fecharam. Já são 1.600 pontos de vendas devolvidos e 20 mil postos de trabalho, direto e indireto, eliminados. Os números mostram que a reabertura de forma responsável, tomando-se todas as medidas necessárias, não faz parte do problema, mas sim da solução contra o agravamento dos efeitos da pandemia em que vivemos.

Portanto, é lamentável que a prefeitura de Goiânia, por meio do Comitê de Crise de Goiânia, não cumpra sua palavra dada, afetando assim o sustento de milhares de famílias que dependem da 44 para tirarem seu sustento de todos os dias. É também lamentável que a gestão municipal não dê o devido voto de confiança aos empresários locais, que pagam seus impostos, cumprem a lei e se comprometem com a reabertura segura do comércio; ao passo que demonstra total falta de efetividade em seu trabalho de fiscalização ao deixar que ambulantes irregulares invada a região causando aglomerações e não tomando qualquer medida preventiva. Ou seja, a quem cumpre o que estabelece a lei, gera empregos e renda, busca a negociação é dado o descrédito; e para quem insiste em atuar à margem da lei e sem se preocupar com qualquer medida de saúde é feita vista grossa.

Por fim, a AER44 segue defendendo firmemente a necessidade de se manter a data de 13 de junho para a reabertura das quase 17 mil lojistas da Região, uma vez que muitos empreendimentos, lojas e confecções, já na perspectiva da reabertura em breve, convocaram seus colaboradores que estavam temporariamente afastados.

Jornal Opção