Famílias rurais em situação de vulnerabilidade social estão sendo atendidas pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), para a instalação de um polo cafeeiro em Santa Rita do Araguaia, município da região Sudoeste do Estado.
O intuito é impulsionar a produção local, que atualmente abrange apenas atividades extrativistas, desenvolvendo um programa de melhor aproveitamento das terras dos assentados. Farão parte do polo cerca de 30 produtores de dois assentamentos rurais, de uma comunidade quilombola e de uma agrovila, totalizando uma área de 50 a 60 hectares de café.
De acordo com o coordenador regional da Emater, José Luiz Pereira Lopes, já foram realizados um plano de viabilidade econômica e o mapeamento da região. “Verificamos que lá tem água, fundamental para qualquer projeto, e solo de altíssima fertilidade natural. Como essa fertilidade e a altitude são compatíveis para a produção de café, escolhemos trabalhar essa cultura”, explica. Segundo o profissional, por ser uma commodity de exportação, o café, quando produzido pela agricultura familiar, costuma alcançar bons preços no mercado internacional.
Apesar do grande potencial produtivo, o Sudoeste goiano apresenta uma produção cafeeira modesta, destacando-se pelo município de Rio Verde, o único da região na lista de unidades territoriais do Estado com produção entre 700 e 1.600 toneladas, conforme a Radiografia do Agro, publicada pela Seapa. A produção de café está concentrada nas cidades de Cristalina, com 6.240 toneladas, Cabeceiras, com 3.159 toneladas, e Campo Alegre de Goiás, com 2.639 toneladas. As três respondem a 57,1% de toda a produção goiana.
Para José Luiz, a qualidade do café produzido no Cerrado já é reconhecida pelo mercado. Goiás ostenta uma série de condições favoráveis para a exploração do grão, como a estabilidade na produção, decorrente da utilização de sistema irrigado, e topografia plana, ocasionando respostas positivas da lavoura aos tratos culturais. Ele ressalta, no entanto, a importância do acompanhamento técnico para uma avaliação da área. “O café tem algumas particularidades que precisam ser observadas. São necessários tipos de solo e altitude corretos. Além disso, é interessante que produtores de pequeno porte empreendam nessa cultura de maneira conjunta, para justificar os investimentos na estrutura de colheita”, afirma.
A expectativa é que a instalação do polo cafeeiro em Santa Rita do Araguaia seja iniciada ainda este ano. Responsável pela elaboração e execução do projeto, a Emater também irá desenvolver ações de cunho terapêutico, com o intuito de resgatar a autoestima dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da comunidade envolvida. “A Emater é fundamental nesse processo, porque temos a expertise para alavancar projetos que tenham retorno e viabilidade econômica para o produtor rural”, acrescenta José Luiz.
Potencial produtivo
Goiás deve colher 240,5 mil sacas beneficiadas de arábica na safra 2020, segundo o 3º Levantamento da Safra, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A área plantada corresponde a 6.152 hectares, com produtividade média de 39,1 sacas por hectare, a maior taxa entre os estados.
Conforme avalia o secretário de Estado de Agricultura, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, a produção goiana sofreu redução de 3,5% em relação à safra 2019, em virtude da diminuição da área plantada (11,3% a menos), mas mesmo assim pode ser comemorada devido ao aumento da produtividade média, que apresentou crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. “Esses dados mostram para nós o potencial da cultura do café arábica em Goiás. Só tivemos queda na produção, como aponta a Conab, porque tivemos redução na área plantada. Em contraponto, nossa produtividade cresceu significativamente e é a maior do País, ou seja, há oportunidade para crescermos”, analisa.
Segundo a Conab, o parque cafeeiro goiano, que produz apenas o café arábica, é formado por 28,3 milhões de covas, sendo 24,1 milhões em produção e 4,2 milhões de covas em formação. A produção no Estado, já finalizada, ocorreu entre os meses de maio e setembro, com o pico do beneficiamento em julho, quando foram beneficiadas 88,77 mil sacas.
Foto: Nivaldo Ferr/Emater
Comunicação Setorial da Emater, com informações da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) – Governo de Goiás