A análise trimestral da conjuntura econômica do país, divulgada hoje (21) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que apesar de visíveis, os efeitos da recuperação ainda são modestos no mercado de trabalho. Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac /Ipea), José Ronaldo Souza Júnior, a perspectiva é que a taxa de desemprego aumente antes de começar a cair.
O aumento deve ocorrer mesmo diante de contínua expansão da população ocupada, uma vez que parte dos trabalhadores que saíram da força de trabalho durante a pandemia devem retornar ao mercado à procura de nova colocação, tanto pelo relaxamento das medidas de isolamento social, quanto pelo fim do auxílio emergencial.
“Para o ano que vem, devemos verificar aumento na taxa de desemprego por causa das pessoas que procuram trabalho. Mesmo com a recuperação no número de pessoas ocupadas, ainda assim podemos ter um aumento da taxa de desemprego”, observou.
O economista disse que, com o fim do auxílio emergencial, a tendência é de crescimento no número de empregos informais. “Com o tempo, as pessoas vão procurar de novo as atividades informais, em uma retomada do emprego informal até mais forte do que o formal, no ano que vem. Ainda assim, imagino que isso será insuficiente para atender a todos que devem voltar a procurar emprego. Tivemos uma queda repentina com a crise, que foi muito grande. É difícil conseguir diminuir a taxa de desemprego.”
Isolamento
Os dados do nível de isolamento social chegaram ao ganho de 3 pontos percentuais (p.p.), conforme sugere o Índice de Isolamento Social da InLoco entre o final de outubro e a primeira metade de dezembro. O indicador é usado pelo Ipea para análise do nível de distanciamento.
Segundo o diretor, o que tem notado nos dias que antecedem o Natal é o aumento no fluxo de pessoas nas ruas, praias, shoppings e nos comércios populares. Segundo ele, a discreta melhora no isolamento social é referente a uma média móvel, uma vez que os níveis têm muita oscilação durante a semana, mas ainda não incluíram a última semana.
“Obviamente, não tínhamos os dados a última semana, vamos incorporar e avaliar a média móvel dos últimos sete dias”, disse.
Segundo o economista, a análise do Ipea indica que, apesar do agravamento da pandemia levar ao aumento relevante nos índices de distanciamento social, é razoável supor que os eventuais impactos adversos sobre o nível de atividade econômica serão significativamente menores do que no momento inicial da pandemia.
Vacina
O diretor lembrou que os estudos mundiais indicam que somente por meio da vacina se pode alcançar a imunização mais rápida contra a covid-19. Por isso, o cenário de retomada da economia está condicionado ao início da vacinação. “Certamente o ritmo de vacinação estará ligado ao sentido da retomada da economia, principalmente, no setor de serviços que dependerá muito desse ritmo e da eficácia da vacinação”, contou.
Agência Brasil