A pintura da frase “Vidas Pretas Importam” na Avenida Paulista, principal corredor da cidade de São Paulo, terminou por volta das 5h deste sábado (21). O ato em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) foi motivado pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, surrado e morto por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre.

A pintura foi coordenada e realizada por do “coletivo de artistas produtores culturais”, que reúne profissionais de vários segmentos e voluntários (veja acima e abaixo vídeos da pintura). Os pintores contaram com o apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que fechou parte da avenida no sentido da Rua da Consolação para que as pessoas pudessem trabalhar durante toda a madrugada.

A expectativa dos artistas é de que a tinta seque por volta das 13h30, quando três das quatro faixas da Avenida Paulista deverão ser liberadas no trecho de 180 metros onde há a inscrição “Vidas Prestas Importam”. Até as 11h20, apenas uma das faixas estava liberada para o trânsito.

O trabalho da pintura começou por volta das 22h de sexta-feira (20).

“Eu espero que a gente consiga dar o recado do tamanho que está sendo essas letras. Uma simbologia nessa cidade, nessa avenida”, disse a artista e produtora Fernanda de Deus. “Não só no dia de hoje, a a gente tem que exaltar o quanto é importante a vida dos negros e negras. Os pretos e pretas aqui no Brasil”.


“Eu desejo que acabe [o racismo]”, falou o artista visual João França. “Porque essa violência sempre existiu. A diferença é que agora ela está sendo mostrada pela câmera de celular”.

“Essa frase deveria estar em todas as ruas e vielas para que a sociedade não esqueça o quanto o racismo é estrutural no nosso país”, afirmou Neto Duarte, artista plástico e produtor visual.

Protestos antirracistas foram registrados em várias capitais brasileiras na sexta-feira (20), após a morte de João Alberto. Clique aqui e vejas imagens pelo país.

Em Porto Alegre, a manifestação começou pacífica, mas terminou em confusão. Em São Paulo, grupo atacou uma loja do Carrefour – ninguém se feriu. No Rio, protesto fechou unidade da rede de supermercados. E a imprensa internacional definiu o caso como ‘espancamento brutal’.

O presidente Jair Bolsonaro falou sobre violência em uma rede social, mas não citou o caso de João Alberto. Ele nem falou em assassinato ou sobre racismo no Brasil. O vice-presidente Hamilton Mourão lamentou a morte, mas afirmou que não há racismo no Brasil.

G1