E-mails antigos, arquivos de Word e Excel com projetos de cinco anos atrás, listas de contatos obsoletas, fotos, vídeos e áudios de WhatsApp. A facilidade de se armazenar dados faz com que pessoas e empresas guardem informações inúteis por muito tempo. A prática pode parecer inofensiva. Mas tem um custo alto, em termos financeiros ambientais.

Segundo uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia Veritas, em média, 52% dos dados armazenados pelas companhias não têm valor definido ou são, simplesmente, inúteis. Estima-se que, em 2018, as informações armazenadas digitalmente, no mundo, totalizavam 33 zetabytes, o equivalente a mais de 35 bilhões de terabytes. Até 2025, esse volume deverá subir para 175 zetabytes, impulsionado, principalmente, por dados sem utilização.

“As pessoas têm medo de apagar as informações, pensando que, um dia, talvez possam utilizá-las”, afirma Pedro Saenger, vice-presidente da Veritas na América Latina. “Mas isso tem um custo para as empresas e para o planeta”. Somente neste ano, a energia utilizada para armazenar dados inúteis em data centers lançará na atmosfera, desnecessariamente, 6,4 milhões de toneladas de carbono.

Para absorver esse volume de emissões, é preciso contar com uma área florestal superior a 3 milhões de hectares, o equivalente a 500 vezes o tamanho da Ilha de Manhattan, onde está localizado o centro financeiro de Nova York. Segundo a Veritas, a chamada “dark data” produz mais dióxido de carbono do que 80 países individualmente.

Mudar esse cenário depende de uma nova mentalidade. “Os dados não têm valor a menos que estejam identificados e classificados”, afirma Saenger. Antes de armazená-los, as empresas devem estabelecer critérios de utilidade e métodos para indexar as informações. “Hoje, é muito fácil comprar mais armazenamento. No entanto, essa é uma política equivocada, pois cria essa cultura de não deletar nada”, afirma. 

Segundo Hernan Roth, diretor de engenharia da Veritas, a crise do coronavírus deve piorar a situação em razão da adoção da prática de home office. “A utilização de diversas plataformas de comunicação acaba fragmentando os dados, o que dificulta ainda mais o controle”, afirma. “É muito comum encontrar arquivos duplicados nas empresas, compartilhados em diferentes sistemas.” 

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