O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou nesta segunda-feira (7) o padre Robson de Oliveira e mais 17 pessoas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Segundo os promotores, o religioso comandava o esquema que desviava as doações. O religioso sempre negou as irregularidades.

Sobre a denúncia do Ministério Público, a defesa de padre Robson disse que não há nada de novo e reafirmou que o padre é inocente. A Afipe disse que confia na Justiça e espera que ao final do processo todas as dúvidas sejam esclarecidas (veja os posicionamentos dos citados ao fim do texto).

A denúncia à Justiça resultou da Operação Vendilhões, que cumpriu mandados em agosto deste ano para apurar o desvio dos donativos. De acordo com a investigações, o dinheiro foi usado para comprar bens como fazendas e casa na praia. Porém deveria ser destinado para a construção da nova basílica, que ainda está em fase inicial de obras, em Trindade, na Região Metropolitana da capital.

Os promotores de Justiça afirmam que o padre comandava a suposta organização criminosa e transferia grandes valores para empresas, com o objetivo de utilizar o dinheiro das entidades como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas.

Padre Robson de Oliveira nega ter cometido irregularidades — Foto: Reprodução/Instagram
Padre Robson de Oliveira nega ter cometido irregularidades — Foto: Reprodução/Instagram

Segundo o MP, a organização era dividida em quatro núcleos. Todos os citados são investigados:

Núcleo operacional

  • Rouane Caroline Azevedo Martins: apontada como braço direito do padre Robson, ela é suspeita de gerenciar e organizar toda atividade lícita e ilícita;
  • Anderson Reiner Fernandes: com formação jurídica, é suspeito de auxiliar nas atividades lícitas e ilícitas, organizar as fraudes e figurar em diversas transações ilícitas como interposta pessoa (laranja);
  • Gustavo Leonardo Naciff do Nascimento: suspeito de realizar as negociações de imóveis rurais;
  • José Pereira César: contador das Afipes e demais empresas da suposta organização criminosa, é suspeito de atuar para apagar rastros criminosos, criar justificativas contábeis, efetuar registros contábeis indevidos e ajustar e organizar as declarações de impostos de renda dos laranjas;
  • Paulo César Campos Correa: suspeito de comandar uma rede de empresas de comunicação e de auxiliar nas atividades criminosas.

Núcleo dos laranjas

Segundo o Ministério Público, esse núcleo é composto por pessoas que cediam seus nomes para a realização de negócios, seja na aquisição de bens (casas, lotes, apartamentos, empresas) ou para ocultar movimentações financeiras criminosas, ocasiões em que as contas dos laranjas eram utilizadas como mecanismo de passagem de valores, com a finalidade de obnubilar a verdade.

  • Celestina Celis Bueno;
  • Rodrigo Luis Mendoza Martins Araújo;
  • Ana Verônica Mendoza Martins;
  • Anderson Matheus Reiner Fernandes.

Núcleo dos beneficiários

De acordo com os promotores, essas pessoas receberam e usufruíram da posse de imóveis pagos com o dinheiro desviado.

  • Elice de Oliveira Pereira (mãe);
  • José Celso Pereira (pai);
  • Adrianne de Oliveira Pereira (irmã);
  • Jeferson de Oliveira Pereira (irmão);
  • Joselice de Oliveira Pereira Carvalho (irmã).

Núcleo da família Cabriny

O MP alega que três irmãos da família Cabriny auxiliavam padre Robson na prática de diversos crimes. Eles possuem diversas empresas, dentre elas a GC Construtora e Incorporadora, que, segundo os promotores, era utilizada para desviar patrimônio da associação mediante a celebração de negócios jurídicos simulados.

  • Onivaldo Oliveira Cabriny Costa Júnior;
  • Gleysson Cabriny de Almeida Costa;
  • Bráulio Cabriny de Almeida Costa.

G1