A força-tarefa da Polícia Civil que investiga o assassinato dos advogados Marcus Aprígio Chaves, de 41 anos, e Frank Alessandro Carvalhaes, de 47, trabalha com a suspeita de um crime encomendado como a principal linha de investigação, apesar de o jovem que foi preso suspeito de cometer o crime alegar que os matou durante um roubo. De acordo com o delegado Rhaniel Almeida, tudo indica que o assassinato foi planejado.
“Os indícios, pelo menos iniciais, pela dinâmica de tudo que a gente conseguiu apurar, apontam para um crime de encomenda”, afirmou.
O crime aconteceu na última quarta-feira (29). Pedro Henrique Martins Soares, de 25 anos, confessou ter atirado nos advogados e sustenta a versão de latrocínio, quando o roubo resulta em morte. A Polícia Civil não acredita que ele e o comparsa, Jaberson Gomes, morto em confronto com a PM do Tocantins, tenham viajado mais de 1 mil quilômetros até Goiânia para roubar R$ 2 mil no escritório dos advogados.
Pedro Henrique foi preso na casa da namorada, no Tocantins, na sexta-feira (30). No dia seguinte, foi transferido de avião para Goiás.
Além disso, a força-tarefa que investiga as mortes apurou que a dupla monitorou a rotina das vítimas durante os dias que antecederam o crime. Câmeras de segurança da rua do escritório, localizado no Setor Aeroporto, em Goiânia, flagraram os suspeitos passando pelo local de moto antes do assassinato.
A teoria de latrocínio também é descartada pelo vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), Thales Jayme.
“Não há nenhuma possibilidade de latrocínio. Foi tudo planejado e arquitetado. Evidente que ele está procurando preservar o mandante, o que para ele seria uma boa fonte de renda enquanto estiver preso”, disse ao G1.
O presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO, David Soares da Costa Júnior, disse que acredita no trabalho conduzido pela Polícia Civil e que aguarda a conclusão das investigações, mas acrescentou que não acredita na hipótese de latrocínio.
“Pelo modus operandi, pela forma que nos parece bem premeditada, eu, pessoalmente, não acredito na versão de latrocínio, mas deixo a carga da polícia a continuação das investigações (…) Vamos esperar que a polícia nos dê a resposta”, pontuou.
Motivação
Para o vice-presidente da OAB-GO, a dupla simulou um assalto para dificultar as investigações. Ainda segundo Thales, a morte de um dos suspeitos dificulta a descoberta da verdadeira motivação do crime.
“Infelizmente, a morte de um deles diminui o espaço da investigação, nesse caso ficamos restrito ao Paulo Henrique”, comentou.
De acordo com o delegado titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), Rilmo Braga, as investigações continuam, mas seguem em sigilo. “Eles planejaram o crime, mas o motivo ainda permanecerá em sigilo, até porque as investigações ainda estão em andamento”, afirmou.
O coordenador da força-tarefa reforçou, durante coletiva de imprensa, que não há dúvidas sobre a autoria do crime.
“Não há qualquer dúvida de que essa dupla é a dupla de executores. Todos os tipos de provas confirmam isso”, concluiu Rilmo.
Crime
Os advogados Marcus Aprígio e Frank Alessandro foram mortos dentro do escritório onde trabalhavam, no Setor Aeroporto, no dia 29 de outubro.
De acordo com a Polícia Civil, Pedro Henrique e Jaberson viajaram de Porto Nacional, no Tocantins, até Goiânia, chegaram à capital no dia 24 de outubro e se hospedaram em um hotel no Setor Central até o dia 28, data do crime.
Segundo o depoimento de uma funcionária do escritório, um homem tinha tentado marcar um horário com um dos advogados dias antes, mas não havia disponibilidade na agenda. No dia do crime, um rapaz que se identificou com o mesmo nome da pessoa que fez a ligação anteriormente foi até o escritório acompanhado de um colega. Eles esperaram para serem atendidos.
De acordo com Rhaniel, poucas horas após o crime, a dupla fugiu para Anápolis, onde embarcou em um ônibus com destino a Palmas, no Tocantins, mas desceu em Porto Nacional.
G1