Os 12 jurados decidiram nesta terça-feira (20) que o ex-policial Derek Chauvin é culpado pela morte de George Floyd, homem negro asfixiado durante uma abordagem policial em maio de 2020, em Mineápolis, nos Estados Unidos.
O júri estava reunido desde segunda-feira para discutir o caso e chegar a uma decisão unânime. Antes, foram ouvidos os depoimentos de testemunhas, defesa e acusação no processo. Chauvin se recusou a depor no tribunal.
O ex-policial foi considerado culpado em todas as três acusações de homicídio contra o ex-segurança negro:
- homicídio culposo
- negligência ao assumir o risco consciente de causar a morte de Floyd
- causar a morte, sem intenção, através de um ato perigoso, sem consideração pela vida humana
A sentença ainda será anunciada.
George Floyd Square
Uma multidão se reuniu no centro de Mineápolis em uma área que ficou conhecida como a George Floyd Square, próxima ao local de morte do ex-segurança.
Courtney Ross, namorada de Floyd, disse pouco antes do anúncio da sentença que a condenação de Chauvin seria o começo para um movimento maior.
“Talvez a gente esteja no epicentro da mudança”, disse Ross a jornalistas na praça.
Formação do júri
O júri foi composto por seis integrantes brancos e seis negros ou multirraciais. Chauvin, de 45 anos, respondia a três acusações diferentes de assassinato.
Os jurados precisaram decidir se a manobra aplicada contra Floyd foi “um fator substancial” que levou à morte do homem negro e se o uso da força foi desproporcional.
Ao encerrar a sustentação, o promotor Jerry Blackwell pediu a condenação do ex-policial aos jurados dizendo que a violência empregada na ação era clara e relembrou que uma criança de 9 anos foi filmada pedindo que Chauvin retirasse o joelho de cima do pescoço de Floyd.
“É tão simples: ‘Solte-o’. Até uma criança consegue entender isso”, disse.
Por sua vez, o advogado de Chauvin, Eric Nelson, voltou a dizer que o policial agiu em consonância com a prática policial e que Floyd tinha problemas cardíacos — a mesma linha de defesa mantida ao longo do julgamento.
A reta final do julgamento de Chauvin ocorreu em um momento mais tenso nos EUA, com a retomada dos protestos contra o racismo e contra a violência policial após novos episódios de mortes de cidadãos negros em ações das forças de segurança.
Perto do local da morte de Floyd, Daunte Wright, também negro, morreu baleado por uma policial durante uma abordagem, o que levantou novas manifestações.
Morte de George Floyd
George Floyd morreu em maio de 2020 após ter o pescoço pressionado pelo joelho do policial Derek Chauvin, em Mineápolis, por 9 minutos e 29 segundos.
A polícia estava no local porque o ex-segurança negro, com 46 anos, teria tentado pagar uma conta em uma mercearia com uma nota falsa de US$ 20. Imagens mostradas mostraram que Floyd não ofereceu resistência à abordagem dos agentes.
A violência policial contra um homem negro e pobre — mais um caso entre tantos — gerou uma série de protestos em Mineápolis que logo se espalharam para diversas partes dos Estados Unidos.
Durante semanas, ruas das maiores cidades americanas ficaram lotadas de manifestantes que protestavam contra o racismo, em uma mobilização que atravessou fronteiras e chegou a outros países.
O tema entrou na pauta das eleições presidenciais de 2020. O então candidato do Partido Democrata, Joe Biden, escolheu a senadora Kamala Harris, uma mulher negra e ex-procuradora, como candidata a vice-presidente. A chapa venceu o então presidente Donald Trump e se elegeu para o mandato que começou em janeiro.
Quatro policiais que participaram da ação que terminou em morte foram presos, mas a expectativa era maior justamente do julgamento de Chauvin, que era o homem flagrado com o joelho sobre o pescoço de Floyd. Os demais devem comparecer ao tribunal em agosto.
A defesa de Chauvin tentou argumentar, ao longo do processo, que Floyd morreu em decorrência do uso de drogas e que a manobra aplicada estava dentro dos padrões da polícia de Mineápolis. Entretanto, a versão foi rechaçada tanto por exames médicos quanto por depoimentos de chefes policiais e médicos legistas.
G1