O segmento de beleza e cosméticos é considerado um dos mais estáveis da economia. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos, a ABIHPEC, cerca de 1,5% de todo o rendimento mensal das famílias brasileiras são destinados ao setor.
Porém, após anos consecutivos de crescimento, em março deste ano, tanto as micro quanto as grandes empresas foram colocadas à prova com o fechamento dos estabelecimentos na maioria das cidades brasileiras e o início das quarentenas, como forma de medida protetiva para conter o avanço do vírus da Covid-19.
Após adoção do isolamento social por grande parte da população, a ABIHPEC registrou um aumento recorde na venda de produtos de higiene pessoal, enquanto os produtos de maquiagem e perfumaria sofreram uma queda de 15% no faturamento, resultado que gerou grande preocupação para os comerciantes e fabricantes do setor, afinal, as quarentenas pareciam cada vez mais distantes de ter um fim.
REFORMULAÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS COSMÉTICOS NA PANDEMIA
Por outro lado, as empresas tiveram que buscar novas formas de interagir com o seu público, que passou por uma drástica mudança de necessidades e preferências. Com isso, destaca-se a pesquisa feita pela empresa Nielsen, responsável pela coleta e análise de dados mercadológicos, que revelou um aumento significativo na busca por produtos sustentáveis e de origem orgânica durante o período de isolamento social.
O Aya, projeto que consiste na fabricação artesanal de produtos do tipo self-care 100% naturais e veganos que são comercializados via plataformas digitais, é um exemplo dessa reformulação de conceitos.
Para Rayssa Soares, 23, idealizadora do Aya, esse aumento na procura por cosméticos naturais pode ser explicada pela vontade de tornar esse período conturbado um momento de conscientização e aprendizado.
Recebi bastante mensagens de pessoas dizendo que estão querendo mudar de vida, mudar os hábitos. Eu sinto que as pessoas estão querendo se livrar da indústria e percebendo que o lance do consumo consciente está em tudo.
EXPLICA.
E não foram somente as necessidades dos consumidores que mudaram, as empresas também tiveram que se adaptar ao dito “novo normal” e mergulhar de cabeça na comunicação digital e, aparentemente, vem dando certo. Durante o mês de abril, o e-commerce do setor de cosméticos registrou uma alta de 111% em relação ao mês anterior e de 138% se comparado com o mesmo período do ano passado, de acordo com uma pesquisa feita pela Corebiz.
MUDANÇAS NO SETOR DE BELEZA
Com todas essas novas informações e mudanças também foi necessário que as empresas repensassem toda sua logística e, para muitas delas, esse foi um passo libertador, assim como para Rayssa, que antes da pandemia fazia as entregas dos produtos nas estações de metrô e tinha os trilhos da cidade como meio de transporte oficial.
“A pandemia mudou completamente a forma como eu compro matéria-prima e como entrego os produtos. Hoje, eu prefiro mil vezes pagar o frete da matéria-prima, que eu achava que seria caríssimo e nem é.”, comenta Rayssa. “As entregas também mudaram. Quando eu voltei a produzir, eu só estava vendendo para o pessoal daqui da minha cidade, Embú, mas, depois, eu comecei a trabalhar com os Correios também e isso mudou a minha vida.”, acrescenta.
Apesar do decline dos faturamentos gerais no início do processo de tentativa de contenção da Covid-19, o setor de cosméticos é um dos poucos em que há esperança de uma retomada estável e rápida no mundo pós-pandemia.
As pesquisas apresentadas pela ABIHPEC apontam que, mesmo não saindo de casa, a população brasileira não deixou sua vaidade para segundo plano e, logo após o susto, passou a identificar os cosméticos como produtos essenciais para seu bem-estar.
R7 / Por Nathalia Jesus – Fala! Cásper