Karyta Dutra, de 21 anos, adotou um novo jeito de encarar o tempo. Na casa dela não se fala mais em semanas ou meses. Mal sabe que dia é hoje, o calendário perdeu seu valor. A única contagem vigente é a regressiva que começou no número 14 e está prestes a terminar. Nesta quinta-feira (7), a estudante de administração enfim poderá se considerar curada da Covid-19. “Quero finalmente retomar minha disposição, voltar à rotina”, planeja a goiana.
Falta de ar, dores pelo corpo, ânsia de vômito e perda do paladar e olfato são os sintomas que Karyta vem sentindo desde o último dia 23 de abril, quando passou mal na empresa onde trabalha e imaginou que pudesse ter contraído o novo coronavírus.
Pesquisou na internet, descobriu a Central de Orientações (Cori) e ligou para obter mais informações. “Foi muito importante esse contato. Se não fosse por eles, acho que eu teria desesperado, ido para rua atrás de um hospital, ou agora já teria até voltado a trabalhar [antes do período recomendado]”, imaginou.
Criada pelo Governo de Goiás, a Cori é uma estrutura que reúne uma equipe multiprofissional preparada para tirar dúvidas sobre a Covid-19 e realizar triagens sobre possíveis casos de contaminação pela doença. Acessando o site www.saude.go.gov.br/coronavirus e conversando com o chatbot Vitória, ou ligando para 62 3201-9300, o cidadão responderá a um questionário que indicará se os sintomas se encaixam ou não no perfil do novo coronavírus. A partir daí, o atendimento pode resultar em orientações gerais ou até consulta médica via telemedicina, tudo gratuitamente.
Karyta passou pela triagem inicial da Cori e seu caso avançou até a última instância do prontuário eletrônico, quando há monitoramento diário por um período de duas semanas. “Todos os dias alguém me liga para saber como estou me sentindo, como estão os sintomas”, relatou.
Além da estudante, atualmente os profissionais de saúde da Central de Orientações dão suporte a outras 54 pessoas com o mesmo perfil. Os números oscilam conforme passam os dias, e 287 monitoramentos já foram encerrados até o início desta semana.
A Cori foi desenvolvida pelo governo estadual durante a pandemia como uma alternativa para que as pessoas que suspeitam estar com Covid-19 sejam acompanhadas por uma equipe de médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, sem precisar sair de casa.
O objetivo é orientar que esses possíveis pacientes não busquem hospitais sem que realmente seja necessário. Karyta disse que apesar do susto em ser diagnosticada com a doença – confirmada após realização de teste –, encontrou segurança por ser monitorada diariamente.
“Respeite o isolamento social”
Quando a Covid-19 surgiu, Karyta a definiu como uma “visita indesejada”. Chegou sem avisar e só era possível saber que ela ficaria instalada ali por mais alguns dias. Pouco tempo depois de começar a quarentena, o marido apresentou os mesmos sintomas. Os dias com o novo coronavírus para o casal são arrastados, longos, cansativos. “A gente perde completamente a noção do tempo. Tenta assistir um filme, mas dá muito sono, por causa das dores no corpo. Mas sabemos que é necessário esse isolamento, e que isso vai passar”, relatou.
A rotina, que antes se dividia entre estudos, trabalho e atividades domésticas, virou uma calmaria. Sem colocar os pés para fora do apartamento, o casal conta com a ajuda do porteiro do prédio. “Ele sempre leva nossas compras até a porta.”
Com a família, os encontros só ocorrem pela internet. São esses os momentos em que Karyta orienta que seus parentes fiquem em casa. Segundo ela, a mensagem serve para todos: “Respeite o isolamento social. Se precisar trabalhar, não tire a máscara de proteção por nada e mantenha a distância entre as pessoas. A Covid-19 não é só uma gripezinha”.
O isolamento social foi adotado pelo Governo de Goiás em meados de março, quando houve registro local da Covid-19. É uma estratégia recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como eficaz no achatamento da curva de casos de infecção, o que evita o colapso no sistema de saúde.
Sobre a Cori
A Central de Orientações sobre a Covid-19 foi desenvolvida por técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Faculdade de Medicina da UFG. Além do contato telefônico, quem procura a Cori pode conversar com a chatbot Vitória, uma inteligência artificial programada para realizar a triagem a partir de um questionário.
Gerente da Cori, Fabrício Pereira Montes explica que o objetivo é prestar suporte a quem possui dúvidas ou suspeita que esteja com sintomas de Covid-19. “Atendemos diariamente ligações e conversas via chat vindas de várias cidades de Goiás e até de outros Estados”, disse Fabrício. A base operacional funciona em Goiânia, e conta com 72 profissionais da saúde responsáveis por atender e monitorar as pessoas que buscam o serviço. “Nossos plantões funcionam todos os dias, das 7h às 19h.”
Fotos: Iron Braz
Fonte: Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás