Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), que estudam o comportamento e expansão do coronavírus no Estado, publicaram uma nova nota técnica, em que mostram o cenário da pandemia em Rio Verde.
O estudo é um complemento da primeira nota publica ainda no mês de julho e aponta uma segunda onda de contaminações no município, que se seguiu logo após a retomada de atividades econômicas, embora as causas específicas ainda sejam desconhecidas.
De acordo com o professor doutor que integra o grupo de pesquisa, José Alexandre Felizola Diniz Filho, existe uma dificuldade em saber se Rio Verde está com os casos acima da média prevista, porque essa informação depende do quanto a população é testada.
“O número de casos não é um bom guia, pois depende do número de testes que você faz. Por isso nos baseamos mais em número de óbitos, que é um indicador melhor da progressão da epidemia”, informou o pesquisador.
“Rio Verde está com óbitos bem acima do esperado para o tamanho da cidade, o que já havia sido apontado na primeira nota técnica sobre o município. Podemos comparar com Jataí e Catalão, que são um pouco menores, mas estão com muito menos óbitos. A última sessão da nota sobre Rio Verde é ultra factual. Colocamos isso, que na época eles estimavam tantos óbitos e já tinham duas ou três vezes acima disso, por causa dos surtos nas empresas agropecuárias”, observou.
De acordo com a plataforma disponível no site da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), que aponta os números da pandemia em todo território goiano, em Rio Verde já foram registrados 10.657 casos de contaminação confirmados. Outras 566 pessoas são consideradas suspeitas de terem contraído o vírus. Dentre os acometidos, 215 vieram à óbito.
Surtos
“O que acontece lá é que tiveram aquele surto, como apontado na primeira nota técnica e agora neste adendo. Foi muito grande o surto nos frigoríficos. Houve um número muito grande de mortes, mas eles fizeram a contenção. Um fechamento muito forte e depois o esquema 14×14 e conseguiram controlar”, conta José Alexandre.
De acordo com ele, com o controle realizado pela prefeitura de Rio Verde, a nota técnica estimava que até o final de setembro os casos e mortes por Covid-19 na cidade estariam praticamente erradicados. “Previmos a curva e a estabilização que estava se desenhando. Só que eles abriram tudo no final de julho e início de agosto. Então houve outro surto. Estão tentando controlar novamente, mas está crescendo”, apontou.
Alerta
Segundo o professor, o município novamente luta para controlar os casos de coronavírus. “Estão conversando com a gente e estamos auxiliando. Inclusive, eles que entraram em contato conosco para falar que estavam fugindo da trajetória prevista de estabilização. Acendeu o alerta e começamos a trabalhar de novo”, disse.
“Detectamos esse segundo surto iniciado no final de julho, que fez com que os casos voltassem a crescer. Não sabemos o que aconteceu. Estão tentando investigar para saber se houve uma outra coisa nos frigoríficos, em outro local da cidade, abertura de bares ou restaurantes… alguma coisa aconteceu e deu um pico nas transmissões. Estão tentando encontrar alguma relação.”
Para José Alexandre, a trajetória do município deve servir de exemplo na tomada de decisões de controle da pandemia para os demais. “O alerta não é só para Rio Verde, mas geral. Lá eles tinham tudo sob controle e abandonaram o 14×14 que eles haviam implementado. Abriram tudo, pois achavam que estava tudo bem, além de pressão política, econômica, essas coisas todas. Aí voltaram e tiveram a segunda onda. Muitas pessoas morreram nessa segunda onda”, ressaltou.
Jornal Opção