O grupo de estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG), que analisa o comportamento do coronavírus no Estado, divulgou em sua Nota Técnica nº 9, os valores de Re de transmissão da Covid-19 estimados para diversos municípios goianos. O intervalo de confiança é de 95%, variando entre 0,804 e 1.232.

Os valores foram estimados apenas para os municípios com mais de 50 casos confirmados em 25 de setembro e que tiveram novos casos nos últimos 30 dias. Em função da heterogeneidade do padrão de defasagem, que pode afetar em particular as estimativas dos últimos 2 ou 3 dias, os pesquisadores optaram por mapear a média dos valores de Re nos últimos 7 dias da série.

Vale ressaltar que, de acordo com o estudo, o R próximo a 1 significa que o vírus ainda está expandindo. Ou seja, a cada pessoa contaminada, ao menos uma outra pessoa ou mais também se contamina.

Fase de crescimento

Valores de Re maiores do que 1,0 foram estimados para 149 dos 175 municípios para os quais os valores de Re foram estimados, o que mostra que em cerca de 85% dos municípios em Goiás a epidemia ainda estaria em uma fase de crescimento, com Re variando entre 1,0 e 1,5.

Considerando o Re médio nos últimos 7 dias das séries para os municípios com uma população maior que 100 mil habitantes pode-se constatar que alguns dos municípios apresentam valores mais próximos a 1,0, revelando uma estabilidade do crescimento ou mesmo um decréscimo esperado no número de novos casos.

Segundo o estudo, um padrão de desaceleração pode ser observado para Aparecida de Goiânia, Rio Verde e Itumbiara, embora não seja possível descartar problemas de defasagem nos dados, especialmente em Aparecida de Goiânia, considerando a defasagem no número de casos entre a SMS e SES.

Goiânia

Para Goiânia, que abrange pouco mais de 25% do total de casos do Estado, o valor estimado foi igual a 1,05, também semelhante ao estimado pelo Observatorio COVID19BR (igual a 0,954). Por outro lado, outros municípios ainda apresentam valores mais altos de Re, especialmente Águas Lindas, Trindade, Formosa e Novo Gama.

O grupo frisa que uma análise mais detalhada das séries nesses municípios mostra muita oscilação recente no número de casos e das estimativas do Re, de modo que esses valores mais elevados podem ter sido gerados por problemas nos dados.

Em Catalão e Formosa, há uma tendência mais consistente de crescimento recente, com Re maior que 1,0 nos últimos dias, mas de qualquer modo os valores mais elevados podem ser função também de problemas na estimativa do efeito da defasagem e de assincronias nos padrões de atualização do portal da SES.

De qualquer modo, é importante ressaltar que nesses municípios há um aumento já registrado no número de óbitos nas semanas epidemiológicas 34 ou 35 consistente portanto com uma aceleração da epidemia ainda em agosto. Considerando a defasagem ainda maior no registro do número de óbitos, esse padrão é em princípio consistente com valores mais elevados de Re.

Conclusões

Em resumo, dadas as incertezas em relação aos dados, que se refletem nos amplos intervalos de confiança de Re, a nota destaca que é possível dizer, de forma conservativa, que todos os maiores municípios ainda poderiam apresentar valores de Re em torno de 1,0, indicando ainda alguma aceleração ou estabilidade no crescimento da pandemia até meados de setembro.

Veja no quadro as estimativas de Re para os 14 municípios de Goiás com população maior do que 100 mil habitantes, incluindo as estimativas para o último dia da série de Re, e para a média dos últimos 7 dias da série (início de setembro), com os respectivos intervalos de confiança.

Foto: Reprodução Tabela 2/ Nota Técnica nº 9 UFG

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