Desembargadores da 1ª turma da Câmara Criminal de Goiânia decidiram nesta terça-feira (27) manter o trancamento da ação penal que investigava o padre Robson de Oliveira por suposto desvio de dinheiro ofertado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). O pároco que administrava o Santuário Basílica de Trindade sempre negou as acusações do Ministério Público de Goiás. Os magistrados não acataram o recurso do MP por entender que as provas apresentadas não são novas.

O advogado que defende o padre no processo, Pedro Paulo de Medeiros, disse ao G1 que o sacerdote recebeu a notícia da decisão com “tranquilidade e felicidade pela verdade ser restabelecida com a decisão da Corte”. A defesa destaca ainda que Robson de Oliveira espera voltar para as atividades religiosas, mas que o assunto compete exclusivamente à Igreja Católica e a direção da Afipe.

G1 pediu um posicionamento do Ministério Público de Goiás sobre a decisão e aguarda resposta.

A ação foi trancada no dia 6 de outubro em decisão unânime dos desembargadores, que seguiram a análise do relator, Nicomedes Domingos Borges. Porém, no dia 14, o Ministério Público recorreu alegando que não foi ouvido antes da sentença que interrompeu a investigação e desconsiderou novas provas já obtidas.

Em agosto, a Operação Vendilhões começou a investigar o desvio de R$ 120 milhões doados por fiéis para a compra de imóveis, como fazendas e uma casa na praia. O padre Robson de Oliveira, que era o presidente da associação, nega as irregularidades desde o início e se afastou das atividades na Igreja Católica durante a apuração.

Recurso do MP

No recurso, o MP apresentou depoimentos de cinco pessoas apontadas como “laranjas” do suposto esquema articulado pelo padre Robson para desviar dinheiro.

Uma ex-funcionária da Basílica de Trindade relatou que cedeu seu nome para se tornar sócia de uma rádio vinculada à Afipe e que assinou documentos em branco relacionados a essa questão.

Entre os documentos que foram analisados antes da interrupção da ação está um banco de dados com o nome de 3,8 milhões de pessoas que teriam feito doações à associação.

O nome de uma diarista está na relação como tendo doado mais de R$ 3 milhões. Ela acredita que teve o nome usado indevidamente, pois doava no máximo R$ 20 por vez.

G1