O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu, nesta terça-feira (06/10), denúncia contra o médico Márcio Antônio Barreto Rocha, por tentativa de feminicídio contra sua namorada. O promotor Cláudio Braga Lima denunciou ainda o réu por divulgação de foto íntima da vítima, o que é agravado pelo fato de eles terem uma relação de intimidade, e por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.

Segundo detalhado na peça acusatória, na madrugada do último dia 25, por volta de 5h50, no subsolo do estacionamento do Hospital Unique, no Setor Bueno, Márcio Rocha, tentou matar a companheira, com quem mantinha um relacionamento de quatro meses. Segundo apurado, nos dias anteriores aos fatos, o réu já estava portando o revólver calibre .38. Nesse período, a relação também já estava desgastada, tendo a vítima e o denunciado discutido por telefone e decidido pelo fim do relacionamento, dos negócios conjuntos e pela devolução dos automóveis de cada um, que estavam trocados naquela ocasião.

De acordo com o promotor, valendo-se de sua privilegiada condição financeira (ele é sócio-proprietário do Hospital Unique) e prestígio social, e como forma de coação e menosprezo à condição de mulher da vítima, o acusado passou a ameaçá-la pelas redes sociais, inclusive divulgando fotos íntimas, com registros de nudez da namorada.

A agressão
É apontado na denúncia que, no dia do crime, o médico foi até a portaria da casa da vítima, por volta das 4 horas, exigindo a devolução do seu veículo. No entanto, como Márcio estava muito nervoso e descontrolado, a vítima resolveu não atendê-lo, tendo o denunciado deixado o local furioso, fazendo manobras perigosas. Segundo foi apurado, atordoada pelas atitudes do denunciado e por mensagens injuriosas que se seguiram naquele início de dia, a namorada teria suplicado ao denunciado para que destrocassem imediatamente os veículos e resolvessem tudo de maneira pacífica. Para isso, marcaram um encontro no estacionamento do hospital de Márcio.

Na local, quando se encontraram, logo teve início uma discussão entre eles, ocasião em que Márcio começou a agredir a vítima fisicamente com tapas, socos e chutes, quando ela tentava ir embora com seu carro, tendo sido arrancada de dentro do veículo pelos cabelos. Narra a denúncia que a intensidade dos golpes e a fúria do denunciado foram tamanhas que ele rasgou as roupas da vítima, deixando-a parcialmente despida.

As agressões foram inicialmente apartadas por um segurança e outro funcionário do hospital, mas, quando estes saíram do local para chamarem a polícia, as agressões foram retomadas e logo o denunciado sacou a arma de fogo que trazia na cintura traseira, posicionou-a contra a boca da vítima para dar os tiros fatais. Em imediata defesa, a vítima se abaixou, instante em que o denunciado disparou os tiros que a atingiram na perna, próximo à coxa esquerda, bem como em si mesmo.

Em seguida, o denunciado foi embora, escondeu a arma numa lixeira de uma rua próxima e, depois, retornou ao local, quando a polícia já estava lá. Os policiais efetuaram sua prisão em flagrante, bem como socorreram a vítima, que havia ficado no estacionamento. Atualmente, o médico está recolhido na Casa de Prisão Provisória (CPP). Ontem (05/10), a Justiça negou a revogação desta medida.

Providências


Visando instruir a investigação, o promotor requereu a remessa ao juízo dos laudos da arma de fogo utilizada no crime (de caracterização e eficiência da arma de fogo e confronto microbalístico) e de reprodução simulada dos fatos, além da confecção do laudo de exame de corpo de delito indireto da vítima, a partir o relatório de seu atendimento no Hospital Unique. Outras providências requeridas foram cópia do registro da troca de conversas em que o denunciado ameaça divulgar fotos de nudez da vítima, assim como as imagens de todas as câmeras de segurança do estacionamento onde ocorreram os fatos.